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Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

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Uma História Íntima do Desenho<br />

A cópia <strong>de</strong> outros <strong>de</strong>senhos po<strong>de</strong> ser a chave para certos métodos <strong>de</strong><br />

aprendizado, assim como em outros tantos processos essa ativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> não ser<br />

interessante. O risco <strong>de</strong> se trabalhar pela cópia <strong>de</strong>ve ser o <strong>de</strong> ter um número<br />

reduzido <strong>de</strong> referências, ou seja, realizar cópias <strong>de</strong> somente um único estilo, o que<br />

levaria a uma restrição no <strong>de</strong>senvolvimento pessoal <strong>de</strong> cada aluno.<br />

Devo ressaltar que os autores do artigo anteriormente comentado não<br />

afirmam, em nenhum momento do texto, que o ensino do <strong>de</strong>senho “<strong>de</strong>va” ser<br />

estruturado como uma espécie <strong>de</strong> “método <strong>de</strong> cópia <strong>de</strong> outros <strong>de</strong>senhos”. Não<br />

obstante, eles <strong>de</strong>monstram, no aprendizado do <strong>de</strong>senho, a existência <strong>de</strong> um<br />

processo mental que realiza “programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho” ligados invariavelmente à<br />

percepção <strong>de</strong> outros signos visuais através da prática e da observação do que se<br />

produz à sua volta, e que a referência <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada cultura <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho se<br />

reflete diretamente na expressão criativa <strong>de</strong> todo sujeito em socieda<strong>de</strong>.<br />

Nessa linha, recordo-me <strong>de</strong> uma entrevista do cartunista Henfil – cujo<br />

personagem Graúna eu passei a infância copiando e ainda sei fazer até hoje – em<br />

que ele dizia que não tinha quarenta anos, mas milhões <strong>de</strong> anos. Ao pensarmos o<br />

<strong>de</strong>senho <strong>de</strong>ntro da cultura, tem-se um gesto pessoal sim, mas por meio <strong>de</strong> uma<br />

linguagem construída historicamente.<br />

No <strong>de</strong>senho, a cópia não é um ato simplesmente mecânico por assim dizer.<br />

Ao se tentar reproduzir aquilo que já foi feito, não somente o sujeito ganha repertório<br />

<strong>de</strong> ações gráficas e se <strong>de</strong>senvolve no seu gesto físico, instrumental – algo que se<br />

po<strong>de</strong>ria chamar <strong>de</strong> técnica -, como também se <strong>de</strong>scobre a si próprio <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada<br />

linguagem – o que po<strong>de</strong>ria ser chamado <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> linguagem. Ou seja, a<br />

cópia po<strong>de</strong> ser compreendida em sua dimensão <strong>de</strong> leitura ou <strong>de</strong> interpretação<br />

pessoais.<br />

No livro Teaching Drawing from Art dos mesmos Brent e Marjorie Wilson em<br />

parceria com Al Hurwitz, os autores partem, em diversas análises, do pressuposto<br />

básico <strong>de</strong> que a arte surge da própria arte e que <strong>de</strong>senhos vêm justamente dos<br />

<strong>de</strong>senhos, Já no prefácio, eles anunciam: “In short, art comes from art; drawing<br />

comes from drawing” (1987, p.7).<br />

No capítulo chamado <strong>de</strong> Teaching Drawing Through Works of Art: Lessons<br />

from Perugino and Davis, os autores afirmam que a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senhar<br />

bem, assim como a <strong>de</strong> escrever bem, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> não apenas das habilida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>senvolvidas e <strong>de</strong> uma crescente atenção ao mundo, mas igualmente do<br />

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