13.07.2013 Views

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Uma História Íntima do Desenho<br />

meio <strong>de</strong> pequenas modificações dos programas gerais para o <strong>de</strong>senho daqueles<br />

objetos” (1999, p.66). Ou seja, ao se <strong>de</strong>senhar novos objetos, o ser humano se<br />

utiliza <strong>de</strong> prévias estruturas para <strong>de</strong>scobrir novos <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> objetos. Dão o<br />

exemplo em que Gombrich explica o uso <strong>de</strong> esquemas prévios para se começar o<br />

<strong>de</strong>senho, como partir <strong>de</strong> uma oval para se <strong>de</strong>senhar uma cabeça.<br />

Wilson e Wilson afirmam também que os sujeitos “empregam um programa<br />

separado para cada objeto que representam”. Com isto querem dizer que<br />

configurações aprendidas para se <strong>de</strong>senhar certos objetos ou cenas não servem<br />

necessariamente para outros objetos e cenas. Isto explicaria a diferença <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> entre <strong>de</strong>senhos realizados pela mesma pessoa, sendo que certos<br />

<strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> objetos remeteriam a esquemas mentais – ou “programas” – mais<br />

familiares do que outros.<br />

A quarta e última observação é a <strong>de</strong> que, entre os entrevistados, certos<br />

sujeitos mostravam habilida<strong>de</strong> para empregar diversos programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho, e<br />

com isto, eram conseqüentemente capazes <strong>de</strong> inúmeras combinações <strong>de</strong> seus<br />

“programas”, ou seja, eram praticamente ilimitados em sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “inventar”<br />

<strong>de</strong>senhos novos. Outras pessoas, que não apresentavam sequer algum “programa”,<br />

consi<strong>de</strong>ravam seus <strong>de</strong>senhos ruins e, ao cessarem suas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho, não<br />

<strong>de</strong>senvolviam novos “programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho”.<br />

Os autores concluem o artigo expressando que não se prestaram ao estudo<br />

da realização da arte, mas <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> realização <strong>de</strong> signos convencionais,<br />

admitindo ainda que estes estejam presentes nos processos artísticos e que “signos<br />

configuracionais são os núcleos da arte” (1999, p.72).<br />

Em linha semelhante, a questão é abordada por Rosa Iavelberg (2006) no<br />

livro O Desenho Cultivado, on<strong>de</strong> busca <strong>de</strong>monstrar – respaldada pela epistemologia<br />

genética <strong>de</strong> Piaget e também pelas próprias pesquisas <strong>de</strong> Wilson e Wilson -, que a<br />

construção do <strong>de</strong>senho no sujeito é “simultaneamente biológica e cultural, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

seus primórdios” (2006, p. 102). Em suas palavras, o <strong>de</strong>senho da criança é “um<br />

virtual <strong>de</strong> suas funções inteligentes, compreendidas em sentido amplo, que ten<strong>de</strong> a<br />

se socializar cada vez mais” (2006, p. 102).<br />

Remeto agora a discussão ao trecho da entrevista com Eduardo Kickhöfel em<br />

que o artista recordou-se <strong>de</strong> seu primeiro espanto com o <strong>de</strong>senho ao ver à sua<br />

frente o <strong>de</strong>senho feito por seu irmão <strong>de</strong> um avião em perspectiva. Esse momento<br />

78

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!