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Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

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Uma História Íntima do Desenho<br />

por Ruy. A precisão <strong>de</strong> Ruy com os pincéis era notável e pu<strong>de</strong> constatar isto em<br />

cada <strong>de</strong>senho que Guto me mostrava.<br />

- Era assim: “Ruy, faz isso para mim, Ruy, faz aquilo! Ruy, faz um mapa, Ruy<br />

faz a lição <strong>de</strong> Matemática...”<br />

E Guto diz ainda que Ruy não partia <strong>de</strong> imagem alguma, apenas <strong>de</strong> sua<br />

imaginação. Mostrou-me folhas em que havia uma série <strong>de</strong> diagramas ilustrados<br />

com o título “COMO FAZER <strong>UMA</strong> BOMBA RELÓGIO”.<br />

- O <strong>de</strong>talhismo e o planejamento eram tão extremos como naturais a ele. E<br />

todos usavam jeans e ele era diferente, era mais formal nas roupas.<br />

Guto explica que Ruy, mais do que artista, era a imagem do cientista, talvez o<br />

tipo <strong>de</strong> cientista que se fez notório na Renascença, unindo pesquisas, <strong>de</strong>senhos e<br />

engenharias. As máquinas que Ruy inventava com suas múltiplas transparências e<br />

mecanismos eram imediatamente copiadas por Guto, que adorava <strong>de</strong>senhar, mas<br />

não tinha a facilida<strong>de</strong> do amigo.<br />

- Eu copiava tudo do Ruy, sem malda<strong>de</strong>, apenas admiração. É bobagem lutar<br />

contra a cópia, você tem que copiar.<br />

Guto pegava revistas e cartuns e copiava, copiava objetos e <strong>de</strong>senhava<br />

também letras e diagramas, ainda que assumindo não ser um artista tecnicamente<br />

virtuoso.<br />

- Gosto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar, acima <strong>de</strong> ter talento para isso.<br />

Ruy Jorge Pedreira foi o primeiro mestre <strong>de</strong> Guto entre tantos. Esse que não<br />

se tornou artista por fim, voltando-se à área <strong>de</strong> administração <strong>de</strong> empresas.<br />

Achei interessante notar que a relação <strong>de</strong> Ruy com o <strong>de</strong>senho estava<br />

absolutamente ligada à composição <strong>de</strong> diagramas, esquemas visuais inspirados em<br />

capas <strong>de</strong> revistas, livros ou discos.<br />

A palavra Design e muito menos a profissionalização <strong>de</strong>sse termo estavam<br />

longe <strong>de</strong> fazer parte do imaginário profissional <strong>de</strong>sse tempo em que viviam, porém<br />

era sobre esse universo visual que compunha suas imagens. Na verda<strong>de</strong>, Guto<br />

sequer gosta da expressão DESIGN. Contou-me que sua geração é da escola<br />

técnica e que as artes apareceram tardiamente em sua vida. Saiu da faculda<strong>de</strong> com<br />

vinte e um anos.<br />

- Design é palavra pretensiosa vinda da década <strong>de</strong> 80, o que havia era<br />

<strong>de</strong>senho industrial, diagramas. Hobbys para final <strong>de</strong> semana.<br />

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