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Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

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Uma História Íntima do Desenho<br />

O livro Desenhando com o lado direito do cérebro (2003) <strong>de</strong> Betty Edwards<br />

baseou-se nas leituras das teorias <strong>de</strong> psicobiologia <strong>de</strong> Roger W. Sperry a respeito<br />

das funções dos hemisférios cerebrais humanos – um lado verbal, analítico e<br />

seqüencial e outro, visual, perceptivo e simultâneo, tornando-se famoso e sendo<br />

utilizado em diversas escolas. É importante ressaltar que algumas pesquisas atuais<br />

sobre o cérebro contestam essa teoria e afirmam que o cérebro não funciona como<br />

um mapa, mas um todo que se organiza. Mais tar<strong>de</strong>, Betty Edwards lançaria edição<br />

revista e ampliada em que dizia perceber certas mudanças em sua maneira <strong>de</strong><br />

conceber o ensino e respondia a certas críticas acerca <strong>de</strong> seu texto. No prefácio<br />

<strong>de</strong>ssa nova edição, Edwards admitiu que seu método não contemplasse o <strong>de</strong>senho<br />

em seu caráter maior <strong>de</strong> expressão artística, mas que serviria como treinamento da<br />

percepção para um <strong>de</strong>senho realista – <strong>de</strong> observação - realizado a lápis e papel.<br />

Ao mesmo tempo em que consi<strong>de</strong>ro louvável ou esforço <strong>de</strong> professora <strong>de</strong><br />

Betty Edwards, não me alinho com a direção que toma seu método, temendo no<br />

mesmo a idéia <strong>de</strong> separação entre intelecto e sensibilida<strong>de</strong>. Sem compreen<strong>de</strong>r os<br />

processos envolvidos no <strong>de</strong>senho expressivo, o método se configura por meio <strong>de</strong><br />

um conceito pobre <strong>de</strong> técnica, em que apenas um aspecto técnico – a cópia - é<br />

estimulado e pouco se avança para um entendimento mais pleno do <strong>de</strong>senho como<br />

manifestação estética. Entendo que, em arte, a visão da técnica fora da expressão<br />

se assemelha à idéia do corpo biológico fora da cultura. Na compreensão<br />

construtivista <strong>de</strong> Jean Piaget (1990), o conhecimento não po<strong>de</strong> ser compreendido<br />

somente no sujeito-organismo (inatismo) e tampouco no objeto-meio<br />

(ambientalismo), mas <strong>de</strong>corre das ações constantes entre os dois. A compreensão<br />

sistêmica das coisas que é comum na ciência contemporânea – da física mo<strong>de</strong>rna à<br />

genética – nos ajuda agora a compreen<strong>de</strong>r o corpo como algo indissociável <strong>de</strong> sua<br />

história pessoal e arcaica, e também po<strong>de</strong> nos servir para uma re-significação da<br />

palavra técnica.<br />

O <strong>de</strong>senho é uma expressão possibilitada pelo gesto <strong>de</strong> um instrumento<br />

“riscante” sobre uma superfície minimamente plana; e para tanto, a única condição<br />

necessária é o corpo capaz <strong>de</strong> impulsionar seus gestos; é uma habilida<strong>de</strong> ligada à<br />

memória <strong>de</strong> um corpo. Po<strong>de</strong>ríamos nos referir à região do cérebro ligada à memória<br />

<strong>de</strong> tais e tais ações do corpo humano ou buscar na medicina referências para uma<br />

maior compreensão <strong>de</strong>sses processos, mas seria impossível buscar <strong>de</strong>finir aqui as<br />

reais implicações neurológicas envolvidas nessa afirmação. Basta-me a<br />

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