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Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

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Uma História Íntima do Desenho<br />

querem necessariamente consumir isto. Minha exposição anterior, das mulheres,<br />

ven<strong>de</strong>u muito mais. Mas eu me sinto forte em saber que eu fiz isto e não morri.<br />

Paulo disse-me que o profissional tem funcionado, já tendo feito painéis<br />

comerciais com <strong>de</strong>senhos populares como das meninas superpo<strong>de</strong>rosas ou da<br />

Branca <strong>de</strong> Neve.<br />

- Sempre fui o cara dos diversos traços. Se eu pu<strong>de</strong>r negar um trabalho<br />

<strong>de</strong>sses eu nego, mas às vezes aperta. Nunca corri atrás <strong>de</strong> um estilo único. Minha<br />

liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> traços me ajuda a pagar as contas. Mas aqueles trabalhos autorais não<br />

eram passados para mim, por eu ser chamado para trabalhos mais técnicos.<br />

Uma <strong>de</strong> suas falas me chamou muito a atenção para o conceito <strong>de</strong> arte <strong>de</strong><br />

hoje e a confusão <strong>de</strong> significados que essa palavra costuma trazer.<br />

- O grafite na cena da arte é uma proposta nova. O acadêmico <strong>de</strong> hoje é a<br />

herança <strong>de</strong> Duchamp, conceitual. E a volta ao figurativo, na arte <strong>de</strong> rua cabe<br />

conceito, funciona. Mas as galerias da nova velha arte acadêmica têm medo. O<br />

Brasil é péssimo lugar para pioneiros. Se não for reconhecido na Europa, não<br />

encontram espaço aqui. Só <strong>de</strong>pois que os caras estão no MOMA. É a parte do país<br />

que ainda é colônia. Os generais <strong>de</strong> escrivaninha são totalmente medrosos e<br />

formalizados, infelizmente.<br />

Refere-se à arte conceitual como a “velha nova arte” e, mais além, classifica a<br />

arte conceitual estimulada e produzida nas faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> arte como arte acadêmica,<br />

termo outrora usado apenas para <strong>de</strong>signar uma maneira <strong>de</strong> fazer arte ligada à<br />

pintura até o século XIX.<br />

O <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> Paulo faz parte <strong>de</strong> uma classe artística <strong>de</strong> resistência; a<br />

resistência, por um lado i<strong>de</strong>ológica, e por outro, também a resistência <strong>de</strong> uma forma<br />

<strong>de</strong> arte <strong>de</strong>svalorizada nos circuitos <strong>de</strong> arte. Longe <strong>de</strong> telas e <strong>de</strong> instalações, seu<br />

suporte é o muro. O que, <strong>de</strong> certa forma, também gera uma forma <strong>de</strong> instalação, em<br />

contraste com a cida<strong>de</strong> em movimento, remetendo quiçá às pinturas rupestres que<br />

eram não apenas <strong>de</strong>senhos lúdicos pelas pare<strong>de</strong>s, mas também espécies <strong>de</strong><br />

templos.<br />

Assim, pu<strong>de</strong> constatar na trajetória <strong>de</strong> Paulo Ito um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho<br />

profundamente ligado à questão do corpo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a afinida<strong>de</strong> com o trabalho <strong>de</strong><br />

perspectiva – técnica <strong>de</strong>senvolvida na renascença e que traz o corpo do sujeito<br />

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