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Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

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Uma História Íntima do Desenho<br />

particular. Cada um tem seu ponto <strong>de</strong> vista. É como em Rashomon 7 do Kurosawa<br />

que cada um conta sua versão <strong>de</strong> uma história. Todo documento emocional possui<br />

suas <strong>de</strong>formações normais.<br />

Marcelo também retomou a questão pessoal do <strong>de</strong>senho e referiu-se àquilo<br />

que consi<strong>de</strong>rava uma dimensão narcisista do aprendizado, on<strong>de</strong> se tem a si próprio<br />

– corpo físico - como mo<strong>de</strong>lo e pretexto constante para a arte; <strong>de</strong>senha-se pois o<br />

próprio pé, mão e rosto, diferentes dos outros.<br />

- Cada um que <strong>de</strong>senha um mo<strong>de</strong>lo dá sua versão particular. Um dá uma<br />

visão mais <strong>de</strong>spojada, o outro, uma mais caricata. Outro traz uma coisa mais erótica,<br />

para outro interessa a composição, o esquema, o estilo.<br />

Marcelo se espanta como hoje se po<strong>de</strong> ter acesso a toda a história da<br />

imagem em seu computador. Perguntei-lhe, nesse ambiente <strong>de</strong> globalização, como<br />

ele via o lugar do <strong>de</strong>senho na vida das pessoas. Marcelo disse perceber que a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informação visual <strong>de</strong> hoje é incrivelmente maior e que sabe que<br />

crianças copiam personagens <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos animados e filmes; no entanto, observa<br />

que existe algo na inclinação das pessoas para cada ativida<strong>de</strong>, do <strong>de</strong>senho ao jogo<br />

<strong>de</strong> xadrez que não se explica na cultura, mas se revela no sujeito. Citou-me pessoas<br />

que conheceu com um ouvido musical absolutamente bem <strong>de</strong>senvolvido e<br />

pouquíssimo interesse pelas artes visuais.<br />

Indaguei a Marcelo se pensava o <strong>de</strong>senho como uma área específica <strong>de</strong><br />

inteligência. Ele respon<strong>de</strong>u que não pensava <strong>de</strong>ssa forma e compreendia o ato <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senhar mais no sentido <strong>de</strong> uma especialização iniciada por uma sensibilida<strong>de</strong><br />

particular e individual. Comparou à sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um musicista <strong>de</strong> diferenciar<br />

aspectos <strong>de</strong> técnica e estilo <strong>de</strong> violinistas ou a arquitetos capazes <strong>de</strong> avaliar um<br />

prédio. Argumentou que, se fosse por sua inteligência em si, po<strong>de</strong>ria ser capaz <strong>de</strong><br />

perceber as coisas em outras linguagens das quais não tem intimida<strong>de</strong>.<br />

Marcelo refletiu em certo momento sobre a questão do talento e da criação <strong>de</strong><br />

obra entre artistas.<br />

- Você põe <strong>de</strong>z pessoas que gostam <strong>de</strong> pintar, quantas <strong>de</strong>las vão ser<br />

pintores? Entre esse que vão ser pintores, quantos realmente terão valor? E esse<br />

valor é um valor subjetivo? É um valor <strong>de</strong> mercado?<br />

7 Filme <strong>de</strong> Akira Kurosawa baseado em dois contos <strong>de</strong> Ryūnosuke Akutagawa e que tem uma<br />

estrutura <strong>de</strong> narrativa não-convencional, narrando um crime a partir <strong>de</strong> quatro testemunhos<br />

diferentes.<br />

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