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Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

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Uma História Íntima do Desenho<br />

- Você tem a cara do Nero, <strong>de</strong>pois uma outra cara feita no Egito. O retrato<br />

toma feições das pessoas que ele conhece. Os japoneses fizeram muitas gravuras<br />

da chegada dos portugueses. É muito curiosa essa <strong>de</strong>formação cultural, você vai da<br />

China para a África e a imagem vai tomando uma feição do que o cerca, a<br />

<strong>de</strong>formação ou informação é dada conforme a <strong>de</strong>formação <strong>de</strong> culturas diferentes.<br />

Você quer representar um dragão chinês, qualquer osso <strong>de</strong> dinossauro encontrado<br />

no lugar serve para a construção da imagem.<br />

A fala sobre o <strong>de</strong>senho se inclinou a sua porção envolvida no processo <strong>de</strong><br />

assimilação da cultura pelos povos.<br />

- Todo processo criativo é envolvido culturalmente, visualmente e ao mesmo<br />

tempo é o que bate nas pessoas no cotidiano. Você tem alguns autores <strong>de</strong> ficção<br />

que escrevem sobre “o macabro”, como Alan Poe. Você lê uma historia que ele<br />

conta <strong>de</strong> uma pessoa enterrada viva, isso é uma coisa. Agora se você lê no jornal <strong>de</strong><br />

alguém que joga o filho pela janela, isso não tem nenhum valor, a não ser o <strong>de</strong> um<br />

fato que comove e incomoda as pessoas. Uma pessoa morrer <strong>de</strong> fome me parece<br />

ser mais absurdo que ser jogada pela janela.<br />

Perguntei-lhe sobre a relação entre seu trabalho mo<strong>de</strong>rnista e sua formação<br />

clássica, sobre se teria havido uma <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>rnismo ao longo <strong>de</strong> seu<br />

processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sua linguagem pessoal.<br />

- Na verda<strong>de</strong>, aconteceu exatamente ao contrário. Eu tinha a fantasia, é até<br />

interessante. Eu assistia um filme <strong>de</strong> Walt Disney, o FANTASIA, on<strong>de</strong> tem um<br />

monstro, uma figura sinistra, que ilustrava uma peça <strong>de</strong> Mussorgsky 6 e na aula <strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>lagem eu resolvi, por conta própria, fazer um monstro também. E o professor<br />

fez uma observação interessante. A gente fazia coisas <strong>de</strong>corativas e ele vinha e<br />

falava suas impressões para cada aluno. No meu caso ele disse “você é livre para<br />

fazer o que você quiser, mas eu não posso julgar porque é o teu imaginário”. E eu<br />

entendo isso, ou você participa ou você rejeita. Você não po<strong>de</strong> avaliar uma coisa<br />

que foge ao seu padrão <strong>de</strong> estética. Alguém olha o Van Gogh e diz que o cara é<br />

louco, mas o trabalho, a pesquisa <strong>de</strong> toda uma vida como esse não tem nada <strong>de</strong><br />

louco, tem sim uma coerência imensa, mas <strong>de</strong> um ângulo, vamos dizer exótico,<br />

6 Refere-se ao momento final do <strong>de</strong>senho animado da Disney FANTASIA - que traz animações<br />

ilustrando gran<strong>de</strong>s sinfonias – e que a peça é Night on Bald Montain <strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>ste Mussorgsky,<br />

compositor russo do século XIX é ilustrada pelo <strong>de</strong>mônio Chernabog que vive no alto da montanha, e<br />

na noite <strong>de</strong> Hallowen vem atormentar as almas do vilarejo.<br />

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