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Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

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Uma História Íntima do Desenho<br />

escrever alguma coisa que tem vagamente um esquema na cabeça e <strong>de</strong>pois você<br />

elabora em cima daquilo. Por exemplo, a semelhança do processo criativo em geral,<br />

é tudo muito parecido. Eu estava vendo um manuscrito na TV do Joseph Conrad 5 e<br />

ele mostrava as páginas do manuscrito. Cada trecho que ele escrevia, <strong>de</strong> <strong>de</strong>z linhas<br />

ele cortava oito. Você via que ele tinha cortado, ou porque ele tava reelaborando em<br />

cima da frase ou ele tava em cima da idéia, não sei ou se <strong>de</strong>ixando levar por coisas,<br />

e às vezes o camarada pára e tem uma idéia para continuação ou não tem idéia<br />

nenhuma, fica bloqueado e isso po<strong>de</strong> acontecer para qualquer um. Porque você<br />

nem sempre é disponível como um burocrata que vai, senta, faz seu serviço e vai<br />

embora. Então quando é que começa um <strong>de</strong>senho?<br />

Marcelo associa o ponto <strong>de</strong> partida <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senho a uma idéia que tem, e<br />

que lhe traz motivação para elaborar sobre ela. Diz que seu trabalho é fruto <strong>de</strong> uma<br />

observação gráfica que toda criança também possui.<br />

- Quando você pega um livro ilustrado, começa a <strong>de</strong>cifrar o mundo através<br />

das ilustrações, das imagens que você nem sabe o que são.<br />

Marcelo contou-me que um dos maiores impactos visuais que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

infância, foi com as ilustrações <strong>de</strong> Dom Quixote e da divina Comédia, ambas obras<br />

<strong>de</strong> Gustave Doré. Marcelo explica que sua gran<strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> somente era<br />

possível por ser apoiado por um grupo <strong>de</strong> oito ou <strong>de</strong>z gravadores que partiam dos<br />

<strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> Doré sobre a Matriz para fazer as gravações, e isto explica a obra<br />

gigantesca do autor.<br />

- Portanto é uma transposição que não é exata; é uma outra linguagem, não é<br />

a linguagem dos <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong>le, mas ele esboçava e tinha uma idéia, acompanhava<br />

o gravador, dizia: eu quero aqui um escuro, ele podia comandar a coisa e dava uma<br />

certa unida<strong>de</strong> porque, mesmo sendo gravado por varias pessoas, tinha o traço, o<br />

grafismo <strong>de</strong>le que era o equivalente, vamos dizer, à tua assinatura ou a à tua escrita<br />

normal.<br />

5 Escritor <strong>de</strong> língua inglesa, autor <strong>de</strong> obras como “O Coração das trevas”<br />

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