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Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

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Uma História Íntima do Desenho<br />

Como na maior parte das oficinas, tenho clareza <strong>de</strong> que a gran<strong>de</strong> maioria das<br />

pessoas que vem a freqüentá-las não virá a seguir uma carreira artística ou sequer<br />

virá a <strong>de</strong>senvolver obra pessoal. Contudo é claro para mim que a arte não <strong>de</strong>ve ser<br />

pensada na educação somente para artistas, mas como um processo revelador e<br />

construtor do ser humano em qualquer meio.<br />

Como bem expressado por Eva Furnari, constato que a diferença básica que<br />

vejo entre a experiência <strong>de</strong> arte vivida por artistas e a experiência <strong>de</strong> arte vivida por<br />

pessoas que não se encaminham para isto se percebe no <strong>de</strong>sejo do sujeito.<br />

Respondi a Grassmann que todas as minhas ações como docente nos cursos livres<br />

visavam somente uma única finalida<strong>de</strong>: estimular os alunos a <strong>de</strong>senharem ao<br />

máximo, ou seja, estimular ao máximo o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> cada um dos alunos.<br />

Acima <strong>de</strong> tudo, não creio em <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> linguagem sem uma<br />

experiência intensa, nem creio em uma suposta qualida<strong>de</strong> estética sem uma larga<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção (algo improvável <strong>de</strong> ocorrer em um curso <strong>de</strong> 24 horas <strong>de</strong><br />

duração como foi o caso <strong>de</strong> minhas turmas observadas).<br />

Minha experiência <strong>de</strong> docência nos cursos livres <strong>de</strong> fundamentos do <strong>de</strong>senho<br />

com grupos heterogêneos <strong>de</strong> curta duração me fez enten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>licada questão que<br />

se situa entre técnica e expressão pessoal. Abordar esse tema com tão pouco<br />

tempo para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> processos é travar constantes e múltiplos<br />

conflitos: do amor à arte com a idéia da aplicação utilitária; da expressão artística<br />

individual com o aprendizado <strong>de</strong> conceitos; da liberda<strong>de</strong> como princípio com a<br />

disciplina como método. A fala <strong>de</strong> Alexandre Jubran me fez perceber a dificulda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> inserção do ensino técnico do <strong>de</strong>senho no contexto <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> ensino<br />

superior. E a conversa com Edith Derdyk me apontou outra forma <strong>de</strong> pensar a<br />

educação do <strong>de</strong>senho, sob a perspectiva do artista como propositor a partir <strong>de</strong> sua<br />

própria teoria e poética pessoal.<br />

Marcelo, Paulo, José, Guto, Eduardo, Ana, Maria, Alexandre, Edith e Eva<br />

<strong>de</strong>scobriram o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> maneiras bastante particulares. Estou certo que, se fosse<br />

possível a pesquisa sobre a intimida<strong>de</strong> do aprendizado <strong>de</strong> tantos artistas mais,<br />

outras questões viriam quiçá a se multiplicar nesse texto.<br />

Estimular e não obstruir o <strong>de</strong>sejo (ou o que venho chamando <strong>de</strong> sentimento<br />

<strong>de</strong> “magia” do <strong>de</strong>senho) - não importando por que vias pedagógicas - é o que creio<br />

ser a principal função <strong>de</strong> um professor <strong>de</strong> artes. Igualmente não constato o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estilos pessoais – ou a dita auto-expressão - sem um processo<br />

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