13.07.2013 Views

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Uma História Íntima do Desenho<br />

minha referência estética <strong>de</strong> palhaços à época era o palhaço Bozo. Não foi uma<br />

festa <strong>de</strong> fogos, mas um ritual silencioso. A imagem lúdica da figura do palhaço me<br />

traz hoje a medida da diversão – ainda que <strong>de</strong> forma constrita - que havia, naquele<br />

momento e no espírito gráfico que, daquele ponto em diante, me acompanhou para<br />

a vida.<br />

Paul Valery, em seu livro Introdução ao método <strong>de</strong> Leonardo Da Vinci (1998),<br />

apresenta como “vício essencial da filosofia” o fato <strong>de</strong> esta ser algo pessoal, e não<br />

querer sê-lo. Afirma que a filosofia “quer constituir, como a ciência, um capital<br />

intransferível e que se acumule. Daí os sistemas, que preten<strong>de</strong>m não ser <strong>de</strong><br />

ninguém” (1998, p.31). Ora, minha intenção na maneira como busquei conduzir esta<br />

pesquisa foi seguir o caminho oposto a essa visão científica i<strong>de</strong>ntificada por Valery.<br />

Pretendi apresentar não sistemas, mas imagens; não um capital intransferível, mas<br />

uma experiência dialógica; não uma obra intelectual acumulativa, mas formar quiçá<br />

um <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> unir pontos diversos sem finalizar a linha.<br />

Fayga Ostrower <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a idéia <strong>de</strong> que a criativida<strong>de</strong> é um fenômeno da<br />

consciência humana; em contrapartida a visões tradicionais sobre o conceito <strong>de</strong><br />

consciência, compreendia que<br />

mesmo que a sua elaboração permaneça em níveis subconscientes, os<br />

processos criativos teriam que referir-se à consciência dos homens, pois só<br />

assim po<strong>de</strong>riam ser indagados a respeito dos possíveis significados que<br />

existem no ato criador (2009, p.10).<br />

Nessa linha, vejo o <strong>de</strong>senho – como ato criativo que é - não somente como<br />

uma prática pedagógica que ajuda a <strong>de</strong>senvolver a cognição humana. Muito mais do<br />

que um tema <strong>de</strong> pesquisa cognitiva ou estética, penso que o <strong>de</strong>senho po<strong>de</strong> ser<br />

contemplado como uma experiência <strong>de</strong> consciência.<br />

E uma experiência precisa ser vivida, ou não será uma experiência. Por essa<br />

razão, penso que um professor que não é capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar com suas crianças<br />

<strong>de</strong>ve saber – pelo menos - que elas sabem muito mais sobre <strong>de</strong>senho do que ele<br />

racionalmente po<strong>de</strong>ria supor. Na última conversa que tive com Eduardo Kickhöfel, o<br />

biólogo/filósofo/<strong>de</strong>senhista me contou uma história <strong>de</strong> Picasso que eu não conhecia<br />

– e tampouco ele sabia se era real e, por essa razão, não posso citar fontes -, mas<br />

que penso ilustrar bem essa idéia. Kickhöfel narrou-me que, em meio a uma<br />

194

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!