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Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

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Uma História Íntima do Desenho<br />

segundo momento é que se atêm a <strong>de</strong>talhes, ou seja, que tudo po<strong>de</strong> ser percebido<br />

em seu caráter formal mais simplificado. No processo <strong>de</strong> construção da imagem, o<br />

movimento se dá <strong>de</strong> maneira contrária, da parte para o todo. Ao propormos uma<br />

ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> observação, o aluno se <strong>de</strong>para com uma série <strong>de</strong> questões<br />

ocultas a ele e que, muito comumente, o impossibilitam <strong>de</strong> obter os resultados que<br />

julgariam satisfatórios. Por essa razão, é necessário buscar-se ativida<strong>de</strong>s que<br />

contemplem essas dificulda<strong>de</strong>s em se lidar com o “todo” da imagem.<br />

Conceito 1: A Linha<br />

Muito do que se percebe na beleza <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senho tem a ver com a beleza<br />

da linha cultivada pelo <strong>de</strong>senhista. Ao observar certos <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> Marcelo<br />

Grassmann, Ana Elisa Dias e Eduardo Kickhöfel - três figuras tecnicamente virtuosas<br />

– ficou-me claro que, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> muitas <strong>de</strong> suas obras trazerem um trabalho<br />

muito gran<strong>de</strong> com figura humana e luz e sombra, era exatamente a sua linha – por<br />

vezes <strong>de</strong>nsa em tonalida<strong>de</strong>s, por vezes solta como passo <strong>de</strong> dança – que me fazia<br />

achar os trabalhos tão fascinantes.<br />

A linha é o elemento mínimo do <strong>de</strong>senho e o início do curso se fez sempre a<br />

partir da reconstrução do conceito <strong>de</strong> linha. A linha, ao ser <strong>de</strong>finida como algo irreal<br />

– aquilo que separa a figura do fundo -, precisa ser re<strong>de</strong>scoberta pelo aluno. É<br />

nessa re<strong>de</strong>scoberta da linha que comecei com as turmas a discussão que <strong>de</strong>u início<br />

às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho em sala <strong>de</strong> aula. Porém, antes <strong>de</strong> re<strong>de</strong>scobrirmos a linha<br />

no papel fez-se necessária a re<strong>de</strong>scoberta do olhar, no sentido agora não apenas <strong>de</strong><br />

constatar um objeto, mas <strong>de</strong> perscrutá-lo para <strong>de</strong>ixá-lo revelar-se em minúcias<br />

diante <strong>de</strong>sse olhar.<br />

Inicia-se assim o olhar qualificado que, na verda<strong>de</strong>, fundamenta-se, no<br />

<strong>de</strong>senhista, em dois olhares: o olhar perceptivo, capaz <strong>de</strong> ver <strong>de</strong> forma qualificada<br />

uma imagem; e o olhar gerador, capaz <strong>de</strong> projetar uma imagem nova sobre um<br />

fundo escolhido. É no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse primeiro olhar que percebo a maior<br />

dificulda<strong>de</strong> das pessoas que ainda não estão familiarizadas com a linguagem do<br />

<strong>de</strong>senho: apren<strong>de</strong>r a olhar aquilo que já se vê. A dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se perceber os<br />

elementos visuais, sobretudo diante <strong>de</strong> outras pessoas que são capazes <strong>de</strong> fazê-lo,<br />

costuma gerar nos sujeitos a impressão <strong>de</strong> um embaraço <strong>de</strong> uma limitação pessoal,<br />

ou seja, não ser capaz <strong>de</strong> olhar para aquilo que se apresenta à sua frente.<br />

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