13.07.2013 Views

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Uma História Íntima do Desenho<br />

VIII. Howard Gardner: Desenhos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficientes visuais como evidência<br />

conceitual<br />

O olhar também é outro ponto inerente a todo processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar. Mas<br />

<strong>de</strong>ixemos claro que olhar não é sinônimo do sentido da visão. Desenvolver o olhar é<br />

<strong>de</strong>senvolver sua própria forma <strong>de</strong> perceber o mundo. Olhar é metáfora para a<br />

poética individual <strong>de</strong> cada artista, sendo ele <strong>de</strong>senhista, escritor ou músico –,<br />

mesmo que este não possua o sentido da visão. Desenvolver o olhar é <strong>de</strong>senvolver<br />

a forma <strong>de</strong> se perceber o mundo e, na arte, uma maneira <strong>de</strong> se expressar no<br />

mundo.<br />

Howard Gardner, em seu livro Estruturas da Mente – A Teoria das<br />

inteligências Múltiplas(2002), discutiu a questão do <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficientes visuais<br />

no capítulo sobre a Inteligência Espacial. Ao discutir formas incomuns <strong>de</strong><br />

capacida<strong>de</strong> e incapacida<strong>de</strong> espacial, Gardner(2002, p.143) cita os estudos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senhos realizados por Suzanna Miller da <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Oxford em que observa<br />

que “as crianças cegas apresentam em seus <strong>de</strong>senhos muitas das mesmas<br />

característica e problemas apresentados por crianças mais novas com visão. Por<br />

exemplo, as crianças cegas mostram-se incertas quanto a on<strong>de</strong> e como colocar<br />

objetos numa tela. Inicialmente elas não reconhecem como representar o corpo em<br />

duas dimensões, nem como alinhar figuras na parte inferior da página plana; uma<br />

vez, porém, que reconheçam ser possível <strong>de</strong>senhar com uma linha e que<br />

<strong>de</strong>terminadas experiências conhecidas pelo tato po<strong>de</strong>m ser efetuadas por essa<br />

linha, seus <strong>de</strong>senhos vêm a assemelhar-se aos <strong>de</strong> sujeitos com visão. Millar conclui<br />

que <strong>de</strong>senhar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da aquisição <strong>de</strong> regras para as quais a experiência visual<br />

anterior é um facilitador, mas não uma condição necessária; a ausência <strong>de</strong> feedback<br />

visual durante o <strong>de</strong>senho arruína efeitos principalmente no grau da articulação e<br />

precisão no <strong>de</strong>senho”(2002, p.144)<br />

Dessa forma, o próprio <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficientes visuais po<strong>de</strong> servir para<br />

corroborar a idéia <strong>de</strong> que <strong>de</strong>senhos são feitos a partir <strong>de</strong> uma percepção <strong>de</strong> seus<br />

conceitos – como a linha capaz <strong>de</strong> representar a distinção entre figura e fundo; ou os<br />

diferentes níveis <strong>de</strong> cinza produzidos por grafite para expressar a idéia <strong>de</strong> luz e<br />

sombra.<br />

Da mesma maneira como <strong>de</strong>ficientes visuais - por não possuírem a visão -<br />

po<strong>de</strong>m ser auxiliados no <strong>de</strong>senvolvimento da linguagem do <strong>de</strong>senho, percebo que<br />

173

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!