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Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

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Uma História Íntima do Desenho<br />

IV. Método<br />

A questão da técnica seria relativamente simples se o <strong>de</strong>senho em si pu<strong>de</strong>sse<br />

ser <strong>de</strong>finido por apenas uma única concepção. No entanto, o <strong>de</strong>senho se apresenta<br />

em tantos contextos que a procura por seu aprendizado po<strong>de</strong> igualmente ter<br />

expectativas diversas; e creio que seria antipedagógico, a meu ver, julgar qualquer<br />

uma <strong>de</strong>ssas expectativas <strong>de</strong> antemão como um equívoco. Um aluno po<strong>de</strong> vir a<br />

guardar interesse em <strong>de</strong>senvolver-se em alguma linguagem que observa em<br />

histórias em quadrinhos por ter admiração pela obra <strong>de</strong> algum quadrinista como<br />

Moebius ou Robert Crumb.<br />

Por outro lado, assim como se <strong>de</strong>fine no processo com Edith Derdyk, o<br />

<strong>de</strong>senho po<strong>de</strong> ser pensado como uma linguagem possível no contexto da arte<br />

contemporânea. Ao mesmo tempo po<strong>de</strong> haver igualmente uma razão pragmática na<br />

procura pelo aprendizado do <strong>de</strong>senho, como apren<strong>de</strong>r a perspectiva a mão livre –<br />

outra disciplina que já lecionei no SENAC – para po<strong>de</strong>r esboçar projetos<br />

arquitetônicos ou cenários em uma situação profissional. Nada impe<strong>de</strong> também <strong>de</strong> o<br />

interesse no <strong>de</strong>senho surgir por meio do acaso e por uma questão <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>;<br />

e a mera vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar para passar o tempo tenha sido o elemento<br />

motivador para a procura por um curso <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho. Todas essas visões não apenas<br />

coexistem entre alunos – e, diga-se, também entre profissionais – <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho. Sob<br />

o ponto <strong>de</strong> vista da arte contemporânea, apren<strong>de</strong>r a fazer arte por puro<br />

entretenimento po<strong>de</strong> ser algo <strong>de</strong>sprezível. Pessoas que acreditassem seguir a<br />

cartilha <strong>de</strong>ssa mesma instituição talvez também não levassem a sério um <strong>de</strong>senhista<br />

<strong>de</strong> HQs – e muito menos alguém que viesse a almejar tal ofício.<br />

Entretanto <strong>de</strong>vo dizer que nenhuma <strong>de</strong>ssas visões é inválida, a meu ver. Por<br />

isto, não penso na arte, ao pensar a pedagogia do <strong>de</strong>senho, mas em seu lugar,<br />

direciono meu olhar para o <strong>de</strong>senho dos alunos. Antes <strong>de</strong> a<strong>de</strong>ntrar qualquer<br />

concepção, penso no <strong>de</strong>senho dos alunos da mesma forma que o penso para mim<br />

mesmo: como uma experiência estética, pessoal e intransferível que <strong>de</strong>ve ser assim<br />

respeitada em seu caráter <strong>de</strong> experiência.<br />

O espaço da educação não distingue artistas e não-artistas; o <strong>de</strong>senho, assim<br />

como todas as linguagens artísticas, <strong>de</strong>veria ser acessível a todos. Até mesmo<br />

porque acredito que artistas não são formados por escolas, eles se <strong>de</strong>scobrem à<br />

revelia <strong>de</strong>las.<br />

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