13.07.2013 Views

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Uma História Íntima do Desenho<br />

Percebo, porém, que o processo <strong>de</strong> aprendizado e até mesmo o processo<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> poéticas pessoais por parte dos artistas não passa, na<br />

maioria dos casos, por processos racionais e se dão <strong>de</strong> maneiras bastante<br />

particulares em cada caso e, na maior parte <strong>de</strong>les, o processo é lúdico e sensível,<br />

muito antes <strong>de</strong> se intelectualizar e se buscar uma auto-reflexão sobre sua obra e<br />

muito menos pela forma que se <strong>de</strong>u o aprendizado da linguagem.<br />

Essa i<strong>de</strong>ntificação consciente <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho como forma <strong>de</strong> pensar é presente<br />

somente nos discursos <strong>de</strong> Paulo Ito, Guto Lacaz e, mais tar<strong>de</strong>, Edith Derdyk, no<br />

diálogo sobre sua forma <strong>de</strong> pensar o ensino <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho. Para esses, pensar com<br />

linhas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho era natural - algo que pu<strong>de</strong> notar na obra dos três artistas em que<br />

a experiência com a linha é sempre um jogo ou uma brinca<strong>de</strong>ira com sua presença<br />

gestual no espaço livre da folha, da pare<strong>de</strong> ou, no caso <strong>de</strong> Derdyk, no próprio<br />

espaço <strong>de</strong> uma sala.<br />

Outra razão que julgo afastar ainda mais os <strong>de</strong>senhistas da compreensão do<br />

<strong>de</strong>senho como prática intelectual é o fato <strong>de</strong> o <strong>de</strong>senho ser compreendido boa parte<br />

das vezes em seu mero caráter ilustrativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada idéia textual, como no<br />

caso <strong>de</strong> ilustrações <strong>de</strong> livros, histórias em quadrinhos, caricaturas ou charges. Em<br />

muitos casos, os próprios ilustradores trabalham e modificam sua linguagem gráfica<br />

<strong>de</strong> maneira bastante expressiva, mas a hierarquia sugerida <strong>de</strong>ssa relação texto<br />

escrito/ilustração po<strong>de</strong> vir a reforçar a impressão <strong>de</strong> que o pensamento está dado<br />

apenas pelas palavras e não pelas imagens.<br />

Ao mesmo tempo em que essa relação me parece constante na maneira<br />

como artistas resolvem intelectualmente suas linhas em cada suporte, verifico que<br />

tal processo - por não passar por um discurso verbal, mas uma experiência estética<br />

não verbal – po<strong>de</strong> ser absolutamente inconsciente na maior parte dos <strong>de</strong>senhistas.<br />

Isto me faz concluir que não é realmente necessário que se estabeleça essa relação<br />

pensamento/<strong>de</strong>senho ao longo das oficinas; o que também não signifique que a<br />

mesma não possa ser discutida em sala <strong>de</strong> aula – como no caso <strong>de</strong> minhas próprias<br />

aulas -, caso haja alguma proposta didaticamente interessante ou uma inclinação<br />

reflexiva nesse sentido pela turma ou por algum sujeito em particular. Com isto,<br />

pretendo dizer que, ainda que seja claro para mim que a linguagem do <strong>de</strong>senho<br />

149

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!