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Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

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Uma História Íntima do Desenho<br />

estudo isolado sobre questões semânticas – como se o sentido das palavras<br />

pu<strong>de</strong>sse existir sem sua fala -, Vigotski se utiliza <strong>de</strong> um método que chama <strong>de</strong><br />

análise <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s, consi<strong>de</strong>rando como unida<strong>de</strong> “um produto <strong>de</strong> análise que, ao<br />

contrário dos elementos, conserva todas as proprieda<strong>de</strong>s básicas do todo, não<br />

po<strong>de</strong>ndo ser dividido sem que as perca” (VIGOTSKI; 2005, p. 5). Como unida<strong>de</strong><br />

para sua pesquisa, o autor estabelece como unida<strong>de</strong> do pensamento verbal o<br />

significado da palavra como lugar <strong>de</strong> união no pensamento verbal. O autor expressa<br />

que os aspectos vocais e semânticos seguem em direções opostas, não coinci<strong>de</strong>m<br />

em suas etapas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e, todavia, não são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes entre si<br />

(VIGOTSKI; 2005, p. 158). Sem a intenção em a<strong>de</strong>ntrar o complexo terreno <strong>de</strong><br />

conceitos abarcados por Vigotski nessa obra, gostaria <strong>de</strong> – a partir <strong>de</strong>ssa breve<br />

citação - traçar um paralelo com a questão do <strong>de</strong>senho e que po<strong>de</strong> talvez trazer<br />

novas diretrizes para a compreensão do <strong>de</strong>senho na contexto <strong>de</strong> sua aprendizagem.<br />

Se a unida<strong>de</strong> que une pensamento e palavra é o seu significado, po<strong>de</strong>r-se-ia<br />

dizer o mesmo da relação entre pensamento e <strong>de</strong>senho. Um risco <strong>de</strong> tijolo sobre o<br />

cimento po<strong>de</strong> ser somente um gesto do acaso até o momento em que alguém lhe<br />

atribua um significado. Parece-me importante, ao fazer tal paralelo, buscar uma<br />

interação com a palavra significado e ter o cuidado – até mesmo irônico, por assim<br />

dizer – com o significado que lhe possa ser atribuído. O próprio sentido da palavra<br />

significado po<strong>de</strong> ser capturado somente em sua dimensão verbal, algo que me<br />

sugere aqui enfatizar que o significado das coisas não está nas palavras, mas<br />

naquilo que o leitor é capaz <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ssas palavras.<br />

O artista holandês M. C. Escher (2004) afirmou certa vez que era pelo<br />

<strong>de</strong>senho que se permitia comunicar “imagens <strong>de</strong> pensamento”, essas, impossíveis<br />

<strong>de</strong> tradução em palavras. Assim como na fala <strong>de</strong> Vigotski, Escher nos traz a idéia <strong>de</strong><br />

que o pensamento existe na mente, mas somente é capaz <strong>de</strong> se materializar na<br />

linguagem. Ainda que lidando particularmente com a palavra, o texto <strong>de</strong> Vigotski<br />

ajuda a elucidar a questão quando diz que “cada pensamento ten<strong>de</strong> a relacionar<br />

alguma coisa com a outra, a estabelecer uma relação entre as coisas. Cada<br />

pensamento se move, amadurece e se <strong>de</strong>senvolve, <strong>de</strong>sempenha uma função,<br />

soluciona um problema” (2005, p.157). No trecho citado, não há referências à<br />

palavra, tudo po<strong>de</strong> ser relacionado à linha do <strong>de</strong>senho.<br />

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