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Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

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Uma História Íntima do Desenho<br />

realmente, sendo que a maior parte <strong>de</strong>les distinguiu imediatamente o conceito <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senho do conceito <strong>de</strong> pensamento; tinham-nos como ações distintas e, para<br />

minha surpresa, quase incompatíveis na forma. Para cada um dos entrevistados,<br />

perguntei em <strong>de</strong>terminado ponto da conversa a respeito da relação que, como<br />

<strong>de</strong>senhistas, mantinham com o pensamento. Dos nove artistas entrevistados sobre<br />

seu processo <strong>de</strong> formação no <strong>de</strong>senho (Edith Derdyk recebeu outro foco, o <strong>de</strong> sua<br />

pedagogia), sete <strong>de</strong>les distinguiam a sua ativida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong><br />

“pensante”. Isto se <strong>de</strong>u pela concepção presente no senso comum que atribui à<br />

palavra pensamento a idéia <strong>de</strong> articulação discursiva: equacionadora, mas verbal.<br />

Na contrapartida, ao relatar esse fato em um artigo que foi lido no contexto<br />

<strong>de</strong> meu grupo <strong>de</strong> pesquisa, houve professores que se manifestaram enfaticamente<br />

com relação a essa distinção. Uma colega chegou a expressar que consi<strong>de</strong>rava um<br />

absurdo que pensamento e <strong>de</strong>senho não fossem pensados como a mesma ação.<br />

Penso ser curioso como o óbvio e o incompreensível po<strong>de</strong>m ser por vezes tão<br />

vizinhos e, ao mesmo tempo, passarem uma ao lado da outra – tais quais tantos<br />

sujeitos vizinhos em edifício metropolitanos - sem sequer expressarem um único<br />

aceno que lhes permita a consciência da mútua presença nessa vizinhança.<br />

Pois bem, nesse momento percebi que a questão entre pensamento e<br />

<strong>de</strong>senho era ainda menos evi<strong>de</strong>nte do que me parecia; quando pessoas se<br />

relacionam com a mesma questão <strong>de</strong> forma contrária e igualmente categórica,<br />

acredito que há nessa questão um tema importante <strong>de</strong> discussão. Por um lado por<br />

não se tratar <strong>de</strong> nada óbvio, consi<strong>de</strong>rando que pessoas experientes em arte<br />

mantinham essa percepção sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> problematizá-la; por outro, por<br />

também acreditar que o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong>va ser compreendido em sua dimensão<br />

intelectual. Para discutir essa relação e buscar compreen<strong>de</strong>r não somente a relação<br />

entre pensamento e <strong>de</strong>senho, mas também a fácil dissociação dos termos - ainda<br />

que entre <strong>de</strong>senhistas -, traçarei um breve paralelo com conceitos do livro<br />

Pensamento e Linguagem <strong>de</strong> Liev Vigotski (2005).<br />

O texto <strong>de</strong> Vigostski trata sobretudo da linguagem verbal, ou seja, da<br />

linguagem como aquisição do domínio da palavra e <strong>de</strong> seus sistemas. Criticando os<br />

estudos <strong>de</strong> psicologia sobre o tema em que era comum a separação entre o estudo<br />

sobre questões fonéticas – como se a fala pu<strong>de</strong>sse existir sem significado - e o<br />

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