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Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

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Uma História Íntima do Desenho<br />

po<strong>de</strong>ria ser feito para melhorar o trabalho <strong>de</strong>la. Não é para ser bonzinho, mas<br />

<strong>de</strong>rrubar crenças equivocadas, dar força para o que ele tem <strong>de</strong> talento.<br />

Eva disse-me que, se hoje tem um pensamento bastante articulado e fluência<br />

argumentativa, nem sempre foi assim em sua vida. Era tímida e quieta, algo que se<br />

refletia igualmente em seu trabalho. O início <strong>de</strong> suas ilustrações não tinha texto,<br />

eram imagens <strong>de</strong> figuras em movimento em uma brinca<strong>de</strong>ira com a própria condição<br />

<strong>de</strong> personagens <strong>de</strong>senhados.<br />

- Eu era uma pessoa que não falava. Comecei a falar com quarenta e cinco<br />

anos, <strong>de</strong> maneira bem estruturada. Só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong> carreira, comecei a<br />

falar. E a ter textos nas histórias.<br />

Eva explicou-me que, aos poucos, foi consi<strong>de</strong>rando seu <strong>de</strong>senho um tanto<br />

estereotipado. Uma coisa interessante foi o contato que teve com o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong><br />

crianças copiando os <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> Eva. Isto aconteceu em visitas a escolas on<strong>de</strong><br />

percebeu ser bastante comum que os alunos tinham suas figuras como mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senho. E as interpretações trazidas pelo traço das crianças acabaram por<br />

modificar o seu próprio <strong>de</strong>senho. Eva conta nesse trecho da conversa como se <strong>de</strong>u<br />

o início <strong>de</strong>sse processo:<br />

-Tenho um livro chamado “Os Problemas da Família Gorgonzola”. Vi que<br />

crianças copiavam muito os meus <strong>de</strong>senhos. E eles reproduziam <strong>de</strong> um jeito muito<br />

mais gostoso do que meus originais. Ver isso me influenciou e foi me soltando.<br />

Aquela soltura, sujeira, liberda<strong>de</strong>...<br />

Outra questão que levantei foi a respeito <strong>de</strong> seu processo como escritora <strong>de</strong><br />

histórias, sobre como isto ocorreu na inserção dos textos em suas ilustrações. Eva<br />

refletiu que a chegada <strong>de</strong> sua “voz” <strong>de</strong> escritora levou-a a perceber que, como<br />

autora <strong>de</strong> textos e, ao mesmo tempo, ilustradora, ela atuava em duas áreas<br />

diferentes <strong>de</strong> criação. E com processos bastante separados.<br />

- O <strong>de</strong>partamento (<strong>de</strong> mente) que faz histórias e o que <strong>de</strong>senha são distintos.<br />

Nesse momento, Eva comparou sua obra híbrida ao seu estudo na faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> arquitetura:<br />

- É engraçado. Na arquitetura, percebo a relação com o que faço hoje. As<br />

artes plásticas são soltas, não <strong>de</strong>vem nada a ninguém. Já a arquitetura tenta juntar<br />

um pensamento sólido ao pensamento artístico. E a literatura é uma arte que tem<br />

que ter a sensibilida<strong>de</strong> artística e um pensamento lógico bem estruturado. Posso<br />

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