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Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

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Uma História Íntima do Desenho<br />

Uma sentença <strong>de</strong> Eva marcou <strong>de</strong>finitivamente minha pesquisa.<br />

- A arte não é questão <strong>de</strong> talento, mas <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>. E não é vonta<strong>de</strong> racional.<br />

Você não domina.<br />

Ao tratar da questão do <strong>de</strong>senho, é difícil separar a técnica do próprio<br />

conceito <strong>de</strong> arte. Conceito este que faz com que o senso comum se expresse<br />

constantemente em frases como “<strong>de</strong>senho é para quem tem dom” ou “quem não tem<br />

talento nunca vai apren<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>senhar”. Lidar com a questão do <strong>de</strong>senho como área<br />

<strong>de</strong> conhecimento específica é, ao mesmo tempo, enfrentar o fato <strong>de</strong> o <strong>de</strong>senho estar<br />

culturalmente ligado à idéia <strong>de</strong> arte para poucos. Eva prosseguiu nessa linha <strong>de</strong><br />

argumentação.<br />

- O livro “O Codigo do Ser”, do Hilman (1997), fala <strong>de</strong> uma criança que queria<br />

tocar e fica bravo por receber um violino infantil, pois ele queria um violino <strong>de</strong> adulto.<br />

Essas pessoas excepcionais mostram para gente que alguma coisa há além da<br />

nossa racionalida<strong>de</strong>. Ele quer tanto algo que supera as barreiras. Ele fica<br />

insatisfeito, mas vai com uma garra que supera as barreiras.<br />

Eva diferencia duas formas distintas <strong>de</strong> crítica. A primeira, essa que faz com<br />

que crianças parem <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver no <strong>de</strong>senho, ela chama <strong>de</strong> “crítica <strong>de</strong><br />

julgamento”.<br />

exclui.<br />

- Quando você olha e con<strong>de</strong>na, manda ao céu ou inferno. Ela julga, inclui ou<br />

Em contrapartida, Eva acredita que se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver no sujeito um outro<br />

aspecto da crítica que é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discernimento.<br />

- E esse é fundamental pro artista. Não é traduzível em palavras. São muitas<br />

camadas <strong>de</strong> percepção. Precisa eliminar a crítica julgadora, mas <strong>de</strong>senvolver a<br />

crítica <strong>de</strong> discernimento.<br />

Eva alertou-me para o perigo <strong>de</strong> se “cair em um pensamento auto-ajuda” em<br />

que você busca melhorar a relação <strong>de</strong> auto-estima do aluno.<br />

- A questão não é apenas sentir-se melhor, mas ganhar critérios <strong>de</strong><br />

discernimento.<br />

Contou-me <strong>de</strong> uma pessoa que lhe havia pedido ajuda em seu <strong>de</strong>senho – em<br />

uma aula particular -, pois consi<strong>de</strong>rava muito ruim o seu trabalho.<br />

- Ela disse que se achava horrível. Perguntei: “você acha ruim o que você<br />

faz”? Não sabia se ela queria um elogio ou se ela estava acreditando que o trabalho<br />

<strong>de</strong>la era ruim. Percebi que sim, que ela achava ruim, e era. Então fomos ver o que<br />

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