13.07.2013 Views

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Uma História Íntima do Desenho<br />

educação em artes. Acompanhou <strong>de</strong> perto um momento importante do pensamento<br />

sobre a educação artística no Brasil, em que a idéia <strong>de</strong> auto-expressão artística viria<br />

a modificar as práticas nessa área pedagógica.<br />

- Tinha a Escola Brasil, historicamente. Havia um trabalho <strong>de</strong> soltura do traço.<br />

Somente com adultos. Soltar, soltar, soltar. Era o oposto do Liceu, que era técnico e<br />

acadêmico. Com o tempo virou um maneirismo. Você nem apren<strong>de</strong> a <strong>de</strong>senhar as<br />

proporções, nem nada. Qualquer coisa fica bonita, mas tudo muito parecido, muito<br />

igual. Isso é tão nefasto como um ensino só acadêmico.<br />

Atendiam ali no atelier somente a jovens e adultos. Em geral jovens. Referiu-<br />

se ao pensamento <strong>de</strong> Viktor Lowenfeld, autor que era referência da arte/educação<br />

nessa época.<br />

- Lowenfeld fala muito do trabalho com crianças. Mas é outro sistema. Até oito<br />

a onze anos, ela começa. Até sete anos é espontâneo, sem julgamento sobre seu<br />

trabalho, garatujas, os esquemas todos. A partir dos oito anos, ela <strong>de</strong>senvolve a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> abstração e julgamento sobre o próprio trabalho e vê que seu<br />

<strong>de</strong>senho não é igual ao que ela vê e ela acha que o <strong>de</strong>senho está ruim e não aten<strong>de</strong><br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>la <strong>de</strong> fazer a realida<strong>de</strong>. A maior parte das pessoas estaciona nessa<br />

fase. Um comando <strong>de</strong> censura, ela trava. Entra num circulo vicioso. Não produz,<br />

trava, fica prisioneira <strong>de</strong> um julgamento severo.<br />

Eva explicou-me que, segundo Lowenfeld, todo mundo po<strong>de</strong>ria ser artista.<br />

Bastaria que se libertasse a pessoa <strong>de</strong>sse bloqueio que a impedia <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<br />

seu trabalho. Nessa época, Eva disse-me que boa parte dos cursos <strong>de</strong> arte da<br />

época seguia nesse mesmo sentido, buscava <strong>de</strong>sbloquear as pessoas para<br />

po<strong>de</strong>rem fazer arte, <strong>de</strong>senvolver sua impressão. Não obstante, Eva falou-me que<br />

agora já não pensa nessa linha.<br />

- Hoje em dia eu acho que isso seja um pouco diferente. Continuo achando<br />

que há o bloqueio, mas acho que, diferentemente do que se discutia no Lasar<br />

Segall, o artista tem um compromisso diferente. Acho que, vou falar uma coisa<br />

suspeita agora, mas acho que tem a ver com a alma da pessoa. É um impulso<br />

natural que faz aquela pessoa trabalhar muito. Arte vem <strong>de</strong>ssa insistência. O próprio<br />

Van Gogh não era especialmente hábil, mas sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> busca e <strong>de</strong><br />

mergulhar na obra era tão intensa que ele ia além. Já tive muitos artistas com<br />

habilida<strong>de</strong> e que não eram artistas, não tinham o interesse. Isso se dá na música, na<br />

literatura...<br />

141

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!