13.07.2013 Views

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Uma História Íntima do Desenho<br />

algumas figuras <strong>de</strong> barro que estavam ali expostas. O homem, analfabeto sem<br />

educação formal, ao ser perguntado sobre a autoria da obra, respon<strong>de</strong> “O <strong>de</strong>senho é<br />

meu mesmo”. Edith explica que, nesse momento, Flavio Motta, ficou perplexo com a<br />

resposta daquele homem <strong>de</strong> baixa instrução em que concebia a idéia <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho<br />

àquela forma tridimensional. Motta, segundo Edith, acaba por concluir que esse<br />

homem - exatamente por não ter passado por uma educação formal - era her<strong>de</strong>iro<br />

<strong>de</strong> uma idéia <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho anterior à missão francesa.<br />

- A idéia <strong>de</strong> que <strong>de</strong>senho é muito mais do que uma coisa <strong>de</strong> lápis e papel. O<br />

<strong>de</strong>senho é a maneira que você se veste. O <strong>de</strong>senho é a maneira como você olha o<br />

espaço e circula. O <strong>de</strong>senho é quando você pensa um trajeto daqui para sua casa e<br />

você faz uma imagem mental. O <strong>de</strong>senho é muita coisa. A partir daí você começa a<br />

se aproximar <strong>de</strong> um i<strong>de</strong>ário mais contemporâneo do entendimento do espaço.<br />

Edith insiste que se <strong>de</strong>ve partir do sensível e não <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los<br />

pre<strong>de</strong>terminados <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho. Acredita que não po<strong>de</strong> pensar nada fora do corpo. Em<br />

seu livro Formas <strong>de</strong> Pensar o Desenho, Edith inicia um parágrafo com o título “O<br />

CORPO É A PONTA DO LÁPIS”. Expressa a seguir que “o corpo inteiro está<br />

presente na ação, concentrado na pontinha do lápis” (DERDYK; 2008, p.63).<br />

- O corpo é o começo, meio e fim <strong>de</strong> tudo. Até pensamento é corpo, nasce<br />

<strong>de</strong> um corpo, sangue, respiração, ritmo.- enfatiza Edith para mim.<br />

Contei-lhe <strong>de</strong> minha dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> lidar com essas questões conceituais<br />

com os alunos iniciantes. Edith diz não ter nenhum problema em frustrar as<br />

expectativas dos alunos.<br />

- Eu não tenho medo nenhum <strong>de</strong> frustrar aluno. É aí que começa a coisa.<br />

Quando dá o conflito é que está começando. É da crise e do atrito que o trabalho<br />

começa a acontecer.<br />

preocupar.<br />

mudanças.<br />

Perguntei-lhe sobre o risco <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r o aluno, algo que Edith diz não se<br />

- O aluno hoje quer respostas prontas. Está difícil aceitar os cortes, a dor, as<br />

Edith acredita na experiência <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho em suas aulas como ato <strong>de</strong><br />

resistência. Seu processo no <strong>de</strong>senho, narrou-me Edith, foi muito natural. Des<strong>de</strong><br />

pequena freqüentava ateliês <strong>de</strong> arte.<br />

- Eu era muito inquieta. A maneira <strong>de</strong> me <strong>de</strong>ixar quieta era <strong>de</strong>senhando.<br />

Edith não acredita em métodos <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho.<br />

136

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!