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Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

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Uma História Íntima do Desenho<br />

do momento que se começa a <strong>de</strong>senhar, tudo é processo e nada é preparação para<br />

o <strong>de</strong>senho, mas já o <strong>de</strong>senho em si.<br />

Perguntei-lhe sobre o público que faz esse seu curso no <strong>Instituto</strong> Tomie<br />

Ohtake. Edith contou–me que o público é bastante heterogêneo. Perguntei-lhe<br />

especificamente sobre ativida<strong>de</strong>s que costuma fazer nessa oficina. Ela me<br />

respon<strong>de</strong>u que uma proposição que costuma fazer no início <strong>de</strong> seu curso é a <strong>de</strong> os<br />

alunos buscarem, através <strong>de</strong> linhas traçadas, passar uma sensação térmica - como<br />

<strong>de</strong> frio ou <strong>de</strong> calor. Outra possibilida<strong>de</strong> seria a <strong>de</strong> passarem com linhas a idéia <strong>de</strong><br />

leveza ou <strong>de</strong> peso. Para cada sensação, a idéia é <strong>de</strong> criarem um repertório <strong>de</strong> linhas<br />

próprias a partir <strong>de</strong> sua própria gestualida<strong>de</strong> pessoal.<br />

- Começamos a montar algo como um dicionário <strong>de</strong> linhas.<br />

Ela disse-me ser algo próximo às pantomimas e que, após essas<br />

experiências, abre-se a percepção para um resultado diferente no espaço do papel.<br />

Edith ressalta que o conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho passa então a se modificar, e a linha vai<br />

avançando ao campo dos outros sentidos.<br />

- Como a potência expressiva da linha po<strong>de</strong> ser conquistada através do<br />

reconhecimento das diferenças, (o aluno) começa a <strong>de</strong>senvolver um olhar “tátil”. Não<br />

há como conhecer o mundo, senão pelos sentidos.<br />

A artista vê na linha uma extensão do corpo e crê que, nesse processo, a<br />

relação com o <strong>de</strong>senho acaba por criar uma proprieda<strong>de</strong> on<strong>de</strong> há uma quebra <strong>de</strong><br />

sistemas <strong>de</strong> crenças, <strong>de</strong> paradigmas. Em seu livro “Formas <strong>de</strong> Pensar o Desenho”,<br />

ela também expõe alguns exemplos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s.<br />

Explica que o suporte <strong>de</strong> cada ativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser qualquer coisa; papel,<br />

ma<strong>de</strong>ira, pare<strong>de</strong>, chão, um filme, areia. E o instrumento po<strong>de</strong> ser o lápis, mas ainda<br />

uma vareta, uma pedra ou até mesmo a ponta do <strong>de</strong>do.<br />

- Aí o <strong>de</strong>senho sai <strong>de</strong>ssa coisa <strong>de</strong> lápis e papel.<br />

Edith enten<strong>de</strong> o <strong>de</strong>senho não apenas como o ato <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar, mas também<br />

como um processo <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ador <strong>de</strong> imagens mentais.<br />

- Somos fábricas <strong>de</strong> imagens mentais.<br />

Igualmente pensa o <strong>de</strong>senho como uma expressão que po<strong>de</strong> se afastar do<br />

campo particular da linha grafada e se tornar uma gestualida<strong>de</strong> percebida no espaço<br />

tridimensional. Ela cita um caso do artista e professor Flavio Motta ocorrido certa vez<br />

que fora com seus alunos <strong>de</strong> arquitetura visitar o Vale da Paraíba. Nessa ocasião,<br />

um dos alunos perguntou a um homem simples, um nativo da região, a respeito <strong>de</strong><br />

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