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Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

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Uma História Íntima do Desenho<br />

aconteceu <strong>de</strong> forma bastante autodidata e lúdica, no período <strong>de</strong> infância e pré-<br />

adolescência.<br />

O <strong>de</strong>senho em minha infância sempre foi algo tão ritualístico quanto<br />

compulsivo, e assim se seguiu até hoje. Nunca me preocupei efetivamente com o<br />

sentido da palavra arte; jamais me importei realmente com o fato <strong>de</strong> ser ou não<br />

artista e o que este termo po<strong>de</strong>ria vir a implicar. O que eu apreciava era o <strong>de</strong>senho,<br />

eu gostava era <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar - sempre me pareceu natural e divertido o ato <strong>de</strong><br />

inventar imagens somente traçando linhas rápidas sobre uma folha <strong>de</strong> papel<br />

qualquer. Curiosamente, o período em que cursei a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> artes – <strong>de</strong> 1992 a<br />

1996 - <strong>de</strong>ve ter sido a época em que eu menos <strong>de</strong>senhei, sendo que ali o <strong>de</strong>senho<br />

não era sequer valorizado por meus professores e muito menos o prazer <strong>de</strong> inventar<br />

criaturinhas. Nesse período voltei-me à música, cuja linguagem já houvera me<br />

encantado na adolescência – cantando e tocando violão ou guitarra – e, após<br />

formar-me em licenciatura em artes plásticas, passei a viver como músico e<br />

professor <strong>de</strong> violão por cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos.<br />

No início do ano <strong>de</strong> 2007, fiz uma viagem para a Espanha que teve em mim o<br />

efeito <strong>de</strong> uma revolução. Ao caminhar pelas ruas <strong>de</strong> Barcelona, <strong>de</strong>parei-me durante<br />

certa tar<strong>de</strong> (em um intervalo <strong>de</strong> no máximo uma hora) com uma amostra cultural<br />

plural e virtuosa, <strong>de</strong> artistas das mais diferentes linguagens, estilos e etnias. Havia<br />

pelo menos <strong>de</strong>z atores vestindo fantasias do universo mitológico ao pop, um chinês<br />

tocando solitário um Erhu (um instrumento <strong>de</strong> duas cordas tocado com arco), um<br />

duo cigano <strong>de</strong> violonistas flamencos e um trio, também <strong>de</strong> origem cigana (mas <strong>de</strong><br />

origem franco-belga) ao estilo mais puro do jazz <strong>de</strong> Django Reinhardt, gran<strong>de</strong><br />

guitarrista cigano dos anos 30 e 40; tudo isto cercado por um cenário <strong>de</strong> ruas, casas<br />

e edifícios tombados, algo como um museu gótico a céu aberto; sem contar as filas<br />

enormes <strong>de</strong> pessoas, turistas e locais, visitando museus para verem mostras <strong>de</strong><br />

obras <strong>de</strong> artistas como Picasso, Dali, Miró, Gaudi, etc.<br />

Ao retornar ao Brasil <strong>de</strong>ssa viagem, percebi que aquele contato com a arte viva -<br />

assim como com a arte “tombada” - nas ruas, e a experiência do olhar <strong>de</strong> perto para<br />

tantas obras não apenas me entreteve como um fazer turístico, mas fez com que<br />

alguma coisa se alterasse profundamente em minha percepção; o que exatamente<br />

eu não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>screver, mas ao interagir <strong>de</strong> maneira tão intensa e profunda com<br />

as artes, questionei-me sobre a maneira como conduzia à época minha própria<br />

relação com a arte e seu ensino, minha maneira <strong>de</strong> pensar o ensino e aprendizado<br />

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