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Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

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Uma História Íntima do Desenho<br />

folha que tiver à mão, por puro prazer. Tem agora uma sobrinha <strong>de</strong> onze anos que<br />

gosta <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar, tem sua influência.<br />

Como professor, diz hoje escolher as disciplinas que leciona <strong>de</strong> acordo com<br />

seus interesses.<br />

- Quero que vejam que eu gosto do que estou ensinando. Procuro falar <strong>de</strong><br />

forma natural. Tive professores explicavam, mas não faziam nada para gente, não<br />

mostravam nada.<br />

A <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> seu apreço e <strong>de</strong>senvolvimento na linguagem, Alexandre disse-<br />

me não se consi<strong>de</strong>rar um artista.<br />

- Não me consi<strong>de</strong>ro um artista. Consi<strong>de</strong>ro-me mais um técnico <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho.<br />

Alexandre disse-me que, quando pensa hoje em trabalho autoral, pensa-o<br />

como professor, em trabalhos sobre ensino do <strong>de</strong>senho. Pela editora Nobel, o<br />

<strong>de</strong>senhista publicou em 2002 os livros Manual Prático <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho, volumes I e II,<br />

junto com Dario Chaves. Compreendi que, mesmo atuando por muitos anos na<br />

linguagem do <strong>de</strong>senho, não havia até hoje constituído obra pessoal expressiva o<br />

suficiente para que julgasse ter um trabalho próprio como artista.<br />

Contudo, sua fala me chamou a atenção. Alexandre explicou que não<br />

consi<strong>de</strong>rava arte aquilo que costuma produzir como ilustrador por não ter constituído<br />

seu estilo próprio, ainda que tenha domínio técnico sobre vários estilos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho.<br />

Ao reler esse trecho da entrevista com Alexandre, lembrei-me <strong>de</strong> uma senhora<br />

cearense que fez meu curso <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho no SENAC e que me contou também ter se<br />

formado em artes na FAAP; disse-me ela que, em certo momento do curso, ouviu <strong>de</strong><br />

uma professora <strong>de</strong> pintura que “jamais se tornaria uma artista”. Ela contou-me ter<br />

ficado “complexada” após esse fato e que por pouco não abandonara o curso.<br />

Curiosamente, após algumas aulas em minha oficina, ela conseguiu <strong>de</strong>senhar um<br />

rosto a partir <strong>de</strong> uma fotografia e exclamou: “parece um milagre”. A mesma escola<br />

<strong>de</strong> artes que a julgou artisticamente incapaz por meio do discurso promovido por<br />

uma <strong>de</strong> suas professoras não pô<strong>de</strong> sequer provê-la tecnicamente das noções<br />

básicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho. Até mesmo por ter cursado a mesma faculda<strong>de</strong> – formei-me ali<br />

em 1996, época em que essa aluna minha ingressara ali -, tive conhecimento da<br />

postura elitista e pouco pedagógica <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong> seus professores à época.<br />

Dessas falas, entretanto, atento principalmente ao fato <strong>de</strong> que o discurso da<br />

arte po<strong>de</strong> tornar-se um discurso <strong>de</strong> exclusão; algo que, se para a instituição arte<br />

po<strong>de</strong> não ser um tópico importante, penso que para a educação torna-se uma<br />

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