13.07.2013 Views

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Uma História Íntima do Desenho<br />

Disse-me que não fica maravilhado com suas ilustrações; ele as faz, pois<br />

sabe fazer e ter prazer com o trabalho manual, ao contrário do trabalho digital que<br />

não dá prazer. E o hiper-realismo ainda é um <strong>de</strong>safio.<br />

Alexandre entrou a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> artes plásticas na FAAP em 1986.<br />

Entretanto, após dois anos, mudou-se para o curso <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho industrial. A<br />

<strong>de</strong>speito <strong>de</strong> gostar muito das técnicas <strong>de</strong>senvolvidas ali, uma das razões centrais<br />

que fez com que <strong>de</strong>sistisse do curso <strong>de</strong> artes foi o tratamento que teve <strong>de</strong> alguns<br />

professores que o <strong>de</strong>sestimularam pela forma como se referiam à sua habilida<strong>de</strong> no<br />

<strong>de</strong>senho. Lembrou-se <strong>de</strong> um caso ocorrido com uma professora <strong>de</strong> gravura:<br />

- Achei uma técnica maravilhosa, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> explorar aquilo. Tinha<br />

que levar uma gravura, fazer trinta cópias e levar <strong>de</strong>z para serem avaliadas. Sempre<br />

fui figurativo. Consegui fazer algo em alto contraste, textura na ma<strong>de</strong>ira. Era um<br />

pássaro com floresta ao fundo. Levei um mês fazendo. A professora disse que<br />

estava muito bom, mas ia me dar nove, pois não gostava <strong>de</strong> “passarinho, abelhas e<br />

essas coisinhas”. Fico revoltado até hoje com o que ela disse, a maneira como ela<br />

falou. Foi sarcástico.<br />

Disse-me que evi<strong>de</strong>ntemente o problema não era a nota, que era boa, mas o<br />

“tom” dado pela professora, em que ridicularizava a escolha <strong>de</strong> seu tema em frente à<br />

classe. Diz que ainda hoje se recorda bem das posturas <strong>de</strong> alguns dos professores e<br />

agora as toma como contra-exemplo em suas aulas. Outro caso ilustrou bem o que<br />

ele me contava.<br />

- Lembro <strong>de</strong> outro professor que me disse que eu tinha a “mão <strong>de</strong> ouro e a<br />

cabeça <strong>de</strong> merda”. Todos rindo da sua cara. Não é algo que o incentive a fazer algo.<br />

Mais do que tê-lo feito mudar <strong>de</strong> curso, as experiências com tais professores<br />

o fizeram <strong>de</strong>senvolver um senso crítico com relação ao ofício do professor e<br />

igualmente sobre sua responsabilida<strong>de</strong> como estimulador dos alunos.<br />

Alexandre começou a dar aulas <strong>de</strong> forma pouco planejada. Iniciou dando aula<br />

<strong>de</strong> HQs, <strong>de</strong>senho, ilustração e narrativa <strong>de</strong> quadrinhos. Começou a construir sua<br />

didática nessa fase e, a seguir, começou a dar aulas <strong>de</strong> ilustração e <strong>de</strong>senho<br />

artístico. Alexandre já havia <strong>de</strong>senvolvido muito em seu <strong>de</strong>senho a linguagem<br />

narrativa, mas sem consciência das técnicas envolvidas. No entanto fazia os<br />

<strong>de</strong>senhos sem dificulda<strong>de</strong>s, mas <strong>de</strong> maneira intuitiva. Ao começar a lecionar <strong>de</strong><br />

forma sistemática, reviu os conceitos <strong>de</strong> sua própria ação no <strong>de</strong>senho.<br />

125

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!