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Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

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Uma História Íntima do Desenho<br />

Não me alongarei nessa questão do prazer em consonância com o próprio<br />

Barthes quando afirma que - sobre o prazer - “nenhuma tese é possível; apenas<br />

uma inspeção (uma introspecção) que acaba <strong>de</strong>pressa”. Particularmente, gosto <strong>de</strong><br />

pensar essa vonta<strong>de</strong> ou esse prazer - ou seja, esse ímpeto artístico - como uma<br />

ligação a uma forma particular <strong>de</strong> “magia”. Não como algo que simplesmente não se<br />

explica, mas como algo que brota aos olhos como uma surpresa maravilhosa. Vejo-a<br />

– esta “magia” - nos olhos <strong>de</strong> quem <strong>de</strong>senha, assim como nos <strong>de</strong> quem admira<br />

<strong>de</strong>senhos; e da mesma maneira que um artista se expressa ao fazer uma obra, um<br />

sujeito se expressa completando-a ao ler o mesmo trabalho.<br />

Percebo que – como na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> “texto <strong>de</strong> prazer” <strong>de</strong> Barthes - existe algo<br />

mais no gosto pelo <strong>de</strong>senho do que a compreensão sobre equilíbrio estético; há<br />

certo sentimento <strong>de</strong> “maravilhamento” diante <strong>de</strong>ssas linhas que revelam imagens,<br />

sem se escon<strong>de</strong>rem como linhas. Preservar o prazer e a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> arte nos<br />

sujeitos é, a meu ver, respeitar o que chamo aqui <strong>de</strong> “magia”. Porque percebo, ao<br />

conversar com artistas, que o <strong>de</strong>senho po<strong>de</strong> levar o sujeito a uma incansável<br />

experiência <strong>de</strong> encantamento.<br />

Desenho e construção <strong>de</strong> linguagem<br />

Outro aspecto essencial que me foi trazido pela conversa com as artistas Ana<br />

Elisa Dias, Maria Tomaselli foi o da construção <strong>de</strong> linguagem e a questão das<br />

poéticas pessoais.<br />

No contexto da linguagem como “domínio das coor<strong>de</strong>nações consensuais <strong>de</strong><br />

conduta <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nações consensuais <strong>de</strong> conduta” (2005, p.24), para usar a<br />

expressão <strong>de</strong> Humberto Maturana - ou seja, como código estabelecido pela cultura –<br />

surge, na discussão dos processos artísticos, a questão da “construção <strong>de</strong><br />

linguagem”. Esta se refere à maneira como cada sujeito produz sua obra pessoal,<br />

abrindo caminhos <strong>de</strong>ntro dos códigos da linguagem pré-estabelecida. Penso que um<br />

ponto importante ao falarmos <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> linguagem é a questão do <strong>de</strong>senho<br />

criativo.<br />

Para usar essa expressão tão complexa – a criativida<strong>de</strong> –, busco aqui<br />

respaldar minhas idéias na concepção <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvida <strong>de</strong> Fayga<br />

Ostrower no livro Criativida<strong>de</strong> e Processos <strong>de</strong> Criação (2009). Segundo Ostrower, o<br />

ato <strong>de</strong> criar está associado à idéia <strong>de</strong> formar, ou seja, dar forma a algo novo. Para<br />

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