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Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

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Uma História Íntima do Desenho<br />

Desenho e Prazer<br />

Parece-me que, se não fosse pelo imenso prazer com o <strong>de</strong>senho, muito<br />

pouco se produziria nessa linguagem. Aquilo que Maria chamou <strong>de</strong> amor, Ana<br />

<strong>de</strong>finiu como prazer. No caso alguns <strong>de</strong> artistas, esse prazer se torna praticamente<br />

uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão por via do <strong>de</strong>senho.<br />

O acesso ao prazer do <strong>de</strong>senho me parece ser uma questão tão importante<br />

quanto o acesso ao seu campo <strong>de</strong> conhecimento. Aquilo que faz com que todas as<br />

crianças <strong>de</strong>senhem é o mesmo elemento que mantém os <strong>de</strong>senhistas nessa<br />

linguagem: o prazer <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar. Vejo que o <strong>de</strong>senho permanece para aqueles que<br />

gostam <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar. Essa afirmação po<strong>de</strong> parecer óbvia, mas <strong>de</strong> fato não é se<br />

pu<strong>de</strong>rmos perceber as implicações que esta po<strong>de</strong> ter no pensamento sobre seu<br />

aprendizado.<br />

Não encontrei autores que tratassem especificamente do prazer no <strong>de</strong>senho;<br />

todavia Roland Barthes <strong>de</strong>dicou um livro para a questão do prazer da leitura e da<br />

escrita, e gostaria <strong>de</strong> me remeter a ele para buscar idéias que me aju<strong>de</strong>m a<br />

compreen<strong>de</strong>r esse fenômeno sob a crença <strong>de</strong> uma semelhança entre os prazeres<br />

estéticos. Em “O prazer do texto”, Barthes refere-se ao “texto <strong>de</strong> prazer” como<br />

“aquele que contenta, enche, dá euforia; aquele que vem da cultura, não rompe com<br />

ela, ligado a uma prática confortável da leitura” (1987, p. 21) em contraposição ao<br />

que chama <strong>de</strong> “texto <strong>de</strong> fruição”, o texto que<br />

põe em estado <strong>de</strong> perda, aquele que <strong>de</strong>sconforta (talvez até um certo<br />

enfado), faz vacilar as base históricas, culturais, psicológicas do leitor, a<br />

consistência <strong>de</strong> seus gostos, <strong>de</strong> seus valores, e <strong>de</strong> suas lembranças, faz<br />

entrar em crise sua relação com a linguagem (1987, p. 22).<br />

Penso que um paralelo com o prazer do <strong>de</strong>senho não seria in<strong>de</strong>vido. Aquilo<br />

que move em primeira instância o sujeito à pratica do <strong>de</strong>senho é justamente esse<br />

prazer, muito antes da idéia <strong>de</strong> sua fruição como prática <strong>de</strong> análise crítica do<br />

trabalho. Mais adiante, Barthes refere-se ao texto como um “anagrama <strong>de</strong> nosso<br />

corpo”:<br />

O texto tem uma forma humana, é uma figura, um anagrama do corpo? Sim,<br />

mas <strong>de</strong> nosso corpo erótico. O prazer do texto seria irredutível a seu<br />

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