07.07.2013 Views

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

74<br />

10.<br />

Francisco A. Lobo Pimentel<br />

EMIGRAÇÃO<br />

O indígena <strong>de</strong>sta região, é pouco amigo <strong>de</strong> emigrar. Des<strong>de</strong> que a<br />

agricultura <strong>no</strong> Distrito continue a <strong>de</strong>senvolver-se como até agora, que<br />

estou certo que sim, não acho justa a saída <strong>de</strong> braç<strong>os</strong>, on<strong>de</strong> tanta falta<br />

fazem. «Cada um que se governe com a prata da casa.»<br />

O serviço da emigração, por parte d<strong>os</strong> engajadores, está muito mais<br />

bem feito que <strong>no</strong>utr<strong>os</strong> temp<strong>os</strong>. Sem que <strong>os</strong> agentes culpa alguma tenham,<br />

me parece, o engajador, que outro vencimento não tem, faz daquele serviço<br />

uma indústria um pouco semelhante à escravatura. A característica<br />

da escravatura, mais repugnante, era a <strong>de</strong> constituir uma indústria em<br />

que se empregavam homens que compravam e vendiam outr<strong>os</strong>. Sem a<br />

me<strong>no</strong>r dúvida, o engajador não compra nem ven<strong>de</strong> gente, mas é do que<br />

vive e o seu ganha-pão, convencer por meio <strong>de</strong> pret<strong>os</strong> «polícias» (muito<br />

instruíd<strong>os</strong> e prátic<strong>os</strong> a convencer <strong>os</strong> ig<strong>no</strong>rantes) <strong>os</strong> indígenas a emigrarem,<br />

com muitas promessas, dizendo-lhes que lhes pagam o imp<strong>os</strong>to <strong>de</strong><br />

palhota, vê-se livre d<strong>os</strong> serviç<strong>os</strong> <strong>de</strong> estrada, do Cruce, etc. É claro que,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o engajador não tenha um or<strong>de</strong>nado fixo, quant<strong>os</strong> mais homens<br />

arranjar, mais ganha; eis a in dústria. Como disse, o engajador não<br />

compra nem ven<strong>de</strong> gente, mas não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> representar uma activida<strong>de</strong><br />

industrial e lucrativa. O que resulta? Lutas <strong>de</strong> con corrência pouco dignas<br />

e impróprias <strong>de</strong> europeus perante indígenas.<br />

No a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 1915, quando eu era comandante <strong>de</strong>ste P<strong>os</strong>to, então militar,<br />

houve dois engajadores, um europeu e outro indígena, que andavam<br />

em constante disputa: um dava ao régulo Minhácua (já falecido) $50 por<br />

cada indígena que ele conseguisse, vem o outro e oferece ao mesmo régulo<br />

1$00, volta o primeiro e oferece 1$50, nesta altura, o outro achou<br />

muito e escreve -me uma carta muito indignado, dizendo que fula<strong>no</strong> dava<br />

ao régulo Mi nhà cua um tanto por cada indígena que ele conseguisse <strong>no</strong><br />

E-BOOK CEAUP 2008

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!