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relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

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312<br />

Francisco A. Lobo Pimentel<br />

<strong>de</strong> conversa com colegas e <strong>de</strong> auto-análise. Pimentel não fazia parte d<strong>os</strong><br />

pouc<strong>os</strong> militares promovid<strong>os</strong> <strong>de</strong>ntro da administração civil. Ficava entre<br />

aqueles que entravam <strong>no</strong> quadro como Chefes <strong>de</strong> P<strong>os</strong>to e não foram promovid<strong>os</strong><br />

ou aparentemente não podiam participar em concurs<strong>os</strong>.<br />

Po<strong>de</strong>-se especular se a visita à Metrópole em 1910-11 não tenha sido<br />

<strong>de</strong>stinada à procura <strong>de</strong> uma companheira ou a um emprego que lhe permitisse<br />

casar e que o seu regresso rápido fora resultado <strong>de</strong> uma frustração<br />

nesse sentido 21 . O superior <strong>de</strong> Pimentel <strong>no</strong> concelho <strong>de</strong> Amaramba,<br />

J. Soares Gue<strong>de</strong>s, estava casado e vivia com a mulher, mas <strong>os</strong> Chefes <strong>de</strong><br />

P<strong>os</strong>to não tinham geralmente companheira europeia. O seu or<strong>de</strong>nado e<br />

as construções nas quais viviam geralmente eram feitas com materiais<br />

locais, não davam para isso. Uma referência a reacções a dores <strong>de</strong> parto<br />

po<strong>de</strong> significar que teve uma companheira africana e filh<strong>os</strong> com ela. 22<br />

Aparentemente não g<strong>os</strong>tava ser transferido, criava raízes locais. 23 As<br />

suas alcunhas, que refere, talvez conscientemente, <strong>de</strong>ixam antever uma<br />

transformação d<strong>os</strong> seus mod<strong>os</strong> <strong>de</strong> lidar com o público e cert<strong>os</strong> problemas.<br />

Em 1915 ele é “Mweettapure”, o “indivíduo malcriado que se comporta<br />

à toa”, em 1926-1927 é “Xaavirika”, o que “dança com as pernas”,<br />

ou “Mpeherya”, o que “se levanta muito cedo” 24 . As mudanças <strong>no</strong> <strong>no</strong>me<br />

parecem indicar que ganhou um certo autocontrolo, mas agora, com 43<br />

an<strong>os</strong>, a paixão para o uso da palavra e explicação do seu mundo ainda<br />

não estava extinta. Usa a palavra <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um meio <strong>de</strong> funcionári<strong>os</strong> <strong>no</strong><br />

qual há uma certa competição <strong>sobre</strong> quem sabe mais d<strong>os</strong> african<strong>os</strong> que se<br />

administram, quem conhece as técnicas administrativas mais eficazes.<br />

3. SITUAÇÃO SOCIOPOLÍTICA NA QUAL A OBRA SURGIU<br />

Interessa referir aqui o contexto imediato em que escreveu, e inserir<br />

esta situação em processo na História Colonial da Província <strong>de</strong> Nampula<br />

(ou <strong>no</strong> tempo colonial: Distrito <strong>de</strong> Moçambique) e da Colónia <strong>de</strong> Mo-<br />

21 Vd. Cap. 31.<br />

22 Vd. Cap. 14.<br />

23 Vd. Cap. 45, referência à sua construção em Muite.<br />

24 Vd. Cap. 4.<br />

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