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relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

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Relatório <strong>sobre</strong> <strong>os</strong> us<strong>os</strong> e c<strong>os</strong>tumes <strong>no</strong> P<strong>os</strong>to Administrativo <strong>de</strong> Chinga<br />

território inglês e que lentamente vai <strong>de</strong>snacionalizando o preto <strong>de</strong> Moçambique.<br />

As crianças assim educadas em contacto com o europeu a ele<br />

se afeiçoariam embora a<strong>os</strong> doming<strong>os</strong> pu<strong>de</strong>ssem ser visitad<strong>os</strong> por seus<br />

pais e outra família. Só encontro um inconveniente que é nas fugas e<br />

faltas à escola; eu, quando era peque<strong>no</strong> e faltava à escola ou na papeleta<br />

figuravam más classificações era punido por meus pais, além da palmatória<br />

que me aplicavam na escola; com as lágrimas n<strong>os</strong> olh<strong>os</strong> recordando<br />

a minha infância, ainda me lembro que as primeiras palmatoadas que me<br />

foram aplicadas, foi <strong>no</strong> antigo Liceu Politécnico na Calçada do Combro<br />

e por uma senhora; tinha eu cinco an<strong>os</strong> <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>; fiz exame <strong>de</strong> instrução<br />

primária a<strong>os</strong> sete an<strong>os</strong> e meio e a<strong>os</strong> onze entrei <strong>no</strong> Colé gio Militar, on<strong>de</strong><br />

apanhei muito bofetão dum senhor. capitão Moura a pe dido <strong>de</strong> meu pai<br />

e <strong>no</strong> entanto estou vivo e se não estou são e rijo não é <strong>de</strong>vido às palmatoadas,<br />

mas a<strong>os</strong> 20 an<strong>os</strong> <strong>de</strong> África. Porque se não há-<strong>de</strong> castigar a criança<br />

preta para se educar?<br />

A n<strong>os</strong>sa acção civilizadora está sendo muito censurada e é um perigo<br />

<strong>sobre</strong>tudo actualmente que há tanto estrangeiro por este Distrito e em<br />

maior número alemães e c<strong>os</strong>tuma dizer-se «mais vale prevenir que remediar».<br />

É necessária muita cautela porque o preto não conhece o do<strong>no</strong> nem<br />

o bem que se lhe faz, isto é um facto. A maioria d<strong>os</strong> estrangeir<strong>os</strong> neste<br />

Distrito tem moleque e outr<strong>os</strong> serviçais que, prop<strong>os</strong>itadamente, tratam<br />

com muito carinho e são-lhes realmente afeiçoad<strong>os</strong> e,como tal, contamlhes<br />

todas as <strong>no</strong>vida<strong>de</strong>s: «que mecunha Fula<strong>no</strong> fez isto e tal, etc…»; «que<br />

mecunha Fula<strong>no</strong> está em Moçambique porque tem milando, faz assim,<br />

assim, etc., etc.» e isto é um perigo, creio eu.<br />

O que <strong>de</strong>ixo exp<strong>os</strong>to <strong>sobre</strong> escolas não é irrealizável e o que será<br />

difícil é a assídua frequência das escolas e proibir em toda a Província<br />

o suáhili; este po<strong>de</strong>rá acabar lentamente fazendo ver a<strong>os</strong> indígenas <strong>os</strong><br />

inconvenientes, ao mesmo tempo que se vai proibindo e a frequência<br />

consegue-se, castigando como disse e animando <strong>os</strong> rapazes com jog<strong>os</strong>,<br />

ginástica, etc.<br />

Receita para as escolas sairia da própria escola com as várzeas <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> tirad<strong>os</strong> <strong>os</strong> géner<strong>os</strong> para consumo; carne há em abundância e mesmo<br />

na escola po<strong>de</strong>r-se-ia criar porc<strong>os</strong>, cabrit<strong>os</strong>, galináce<strong>os</strong>, etc., para consumo<br />

e até para ven<strong>de</strong>r. O macua tem a mania <strong>de</strong> ser «monhé» e apre-<br />

2008 E-BOOK CEAUP<br />

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