relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga
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Francisco A. Lobo Pimentel<br />
Há ainda a <strong>no</strong>tar a questão das mulheres <strong>de</strong> soldad<strong>os</strong> ao activo serviço.<br />
Chegam<strong>os</strong> ao arrolamento em qualquer regulado e apresentam-se<br />
mulheres <strong>de</strong>clarando que seus marid<strong>os</strong> são soldad<strong>os</strong>, eu pergunto-lhes<br />
sempre porque não acompanharam <strong>os</strong> marid<strong>os</strong>. O Regulamento para o<br />
Recrutamento das Forças Indígenas e bem assim o das Circunscrições<br />
dizem que o soldado é dispensado do imp<strong>os</strong>to <strong>de</strong> uma palhota; mas <strong>de</strong><br />
qual? pergunto eu; o indígena <strong>de</strong>ixa aqui a sua mulher e chegado à localida<strong>de</strong><br />
do quartel da Compa nhia arranja outra que é alojada na sanzala<br />
ou temba militar e nestas con dições fica tendo duas mulheres, uma na<br />
temba e outra em Moçambique, havendo portanto prejuízo do imp<strong>os</strong>to<br />
<strong>de</strong> uma palhota, e mesmo admitindo que p<strong>os</strong>sam ser dispensadas as<br />
duas, o que é um gran<strong>de</strong> prejuízo para o Es tado, necessário seria que as<br />
Companhias <strong>de</strong> Depósito e Recrutamento en viassem uns impress<strong>os</strong> que<br />
seriam entregues às mulheres d<strong>os</strong> soldad<strong>os</strong>, tal como se faz para <strong>os</strong> indígenas<br />
que emigram, visto a tendência do indígena para enganar; mal<br />
<strong>de</strong> mim e mal da Fazenda se isentasse <strong>de</strong> imp<strong>os</strong>to <strong>de</strong> palhota todas as<br />
mulheres que dizem que seus marid<strong>os</strong> são soldad<strong>os</strong>.<br />
Ao terminar este capítulo, apresentou-se, vinda <strong>de</strong> Nampula, a mulher<br />
Lévane do regulado Namacôro <strong>de</strong> que trato (páginas atrás). Diz a<br />
mulher que um ajudante a foi buscar juntamente com o ex-cipai Menane;<br />
este voltou para casa e ela ficou presa e veio para Chinga; diz que o<br />
Menane é que a veio aqui buscar. Finalmente, <strong>sobre</strong> a forma <strong>de</strong> se fazer<br />
o arrolamento, direi: que é difícil. Se é feito palhota por palhota, então<br />
a época das chuvas não se presta; em primeiro lugar porque o capim,<br />
machambas e outr<strong>os</strong> ar bust<strong>os</strong> não <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong>scortinar as palhotas e o<br />
arrolador, que é o chefe do P<strong>os</strong>to, terá que andar meses pelo mato aten<strong>de</strong>ndo<br />
às constantes chuvas, algumas torrenciais; há opiniões <strong>de</strong> que<br />
assim o régulo não encobre <strong>os</strong> amig<strong>os</strong> e <strong>os</strong> que o gratifiquem; encobre na<br />
mesma porque o macua vive isolado, al guns a 5 quilómetr<strong>os</strong> do régulo e<br />
portanto se este não indica as palhotas, como há-<strong>de</strong> o arrolador lá ir? E<br />
mesmo que assim f<strong>os</strong>se, encontrava-se a palhota abandonada e o régulo<br />
informava que não tem habitante; que fazer? queimar a palhota? Não se<br />
po<strong>de</strong> fazer, porque as leis o não consentem. O principal é ter <strong>os</strong> régul<strong>os</strong>,<br />
cipais e todas as autorida<strong>de</strong>s indígenas <strong>de</strong>vidamente disciplinadas; o arrolador<br />
irá a cada povoação, on<strong>de</strong> toda a população <strong>de</strong>ve estar reunida;<br />
E-BOOK CEAUP 2008