relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga
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Francisco A. Lobo Pimentel<br />
Procedi ao arrolamento <strong>de</strong> palhotas sem obstáculo algum, mas <strong>no</strong><br />
regulado Niheia, on<strong>de</strong> está a proprieda<strong>de</strong> do tal Oliveira, houve, como já<br />
previa, op<strong>os</strong>ições que ocasionaram o arrolamento ficar incompleto.<br />
Regressei ao P<strong>os</strong>to e qual o meu espanto quando recebo uma carta<br />
dirigida ao chefe do P<strong>os</strong>to, do empregado do Sr. Oliveira e on<strong>de</strong> dizia:<br />
«Tendo eu mais ou men<strong>os</strong> <strong>os</strong> mei<strong>os</strong> empregues (sic) pelas autorida<strong>de</strong>s<br />
quando estas tenham que procurar (ilegível)… a captura <strong>de</strong> qualquer<br />
indivíduo (sic) cujo este segue (sic) empregado do Balcão ou responsável<br />
por qualquer estabelecimento, leva-me a crer que V. Ex. a sabendo<br />
que este indígena era o único res ponsável pel<strong>os</strong> armazéns o não tivesse<br />
mandado pren<strong>de</strong>r! Sem que <strong>no</strong> measse alguém da sua confiança para o<br />
substituir; por isso, e para que se lhe p<strong>os</strong>sa pedir responsabilida<strong>de</strong>s, peço<br />
a V. Ex. a o favor <strong>de</strong> informar o que há <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> <strong>sobre</strong> a captura e em<br />
caso <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, quem foi o indígena que o substituiu.» O dito indígena<br />
não foi preso e apenas foi ser arrolado como <strong>de</strong>via, voltando <strong>no</strong>vamente<br />
para a proprieda<strong>de</strong>, mas eu que aqui não estou para dar satisfações a<br />
qualquer «quidam» e escrevi ao tal empregado, dizen do-lhe que lesse e<br />
apren<strong>de</strong>sse e que per<strong>de</strong>m um tempo preci<strong>os</strong>o a dizer asneiras.<br />
Aquele homem, ig<strong>no</strong>rante, queria que eu f<strong>os</strong>se primeiramente com<br />
todas as atenções saber se o «senhor Ama<strong>de</strong>» era encarregado d<strong>os</strong> armazéns;<br />
o «se nhor X», encarregado d<strong>os</strong> celeir<strong>os</strong> e um outro «senhor número<br />
tant<strong>os</strong>» encarregado <strong>de</strong> qualquer coisa, a fim <strong>de</strong> lhes comunicar que ia<br />
proce<strong>de</strong>r ao arrolamento, ou «enviando-lhes um atenci<strong>os</strong>o ofício» sem<br />
faltar «a saú<strong>de</strong> e fra ternida<strong>de</strong>» e substituí-l<strong>os</strong> por pessoa da minha confiança<br />
ou, à falta <strong>de</strong>sta, por mim mesmo. Eu muito teria que dizer <strong>sobre</strong><br />
este senhor Oliveira, mas são assunt<strong>os</strong> já tratad<strong>os</strong> com a Administração,<br />
sem que, contudo, até hoje ainda não tenham solução. Enfim, o senhor<br />
Oliveira armou ali em autorida<strong>de</strong> e… haja saú<strong>de</strong>. O que é um facto é que<br />
nem eu nem o régulo sabem<strong>os</strong> qual a população indígena em M’Luli.<br />
O arrolamento <strong>de</strong> palhotas tem variado <strong>de</strong> a<strong>no</strong> para a<strong>no</strong>, ora diminuindo,<br />
ora aumentado, conforme a gana administrativa <strong>de</strong> cada um.<br />
Percorri o arquivo e consegui formular o mapa que se segue:<br />
E-BOOK CEAUP 2008