relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga
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Francisco A. Lobo Pimentel<br />
do, formando caldo «mahása», que dão muito às crianças; êtão [ettawo]<br />
ou jŭgo (feijão esférico e amarelo) 313 . Há europeus que apreciam muito o<br />
puré <strong>de</strong>ste feijão, eu confesso, não acho gran<strong>de</strong> preci<strong>os</strong>ida<strong>de</strong>. O preto usa<br />
este feijão: cozido, inteiro, torrado <strong>no</strong> fogo ou pisado e cozido, para caril.<br />
Êpŭiri [epwiri] (feijão muito apreciado pel<strong>os</strong> piriquit<strong>os</strong>). Usam-<strong>no</strong>:<br />
em ver<strong>de</strong>, pisado e feito com caldo «mahása»; cozido, em maduro (seco) e,<br />
seco também, pilado, formando massa como caril, para a «chima». Maràpo<br />
[marapo] (abóbora amarela); comem-na cozida, tal como a *«massŭco».<br />
Chŭáre [eshwari] (tomate peque<strong>no</strong>). Deitam em água quente; tiramlhe<br />
a película e amassam-<strong>no</strong>, servindo para acompanhar a «chima»; é<br />
também usado, como tempero, <strong>no</strong> caril <strong>de</strong> carne ou peixe.<br />
Mandioca, faz uso <strong>de</strong>la: crua, assada e cozida. Depois <strong>de</strong> seca<br />
toma o <strong>no</strong>me <strong>de</strong> macaca [makhaka] e, assim, comem-na crua, cozida,<br />
assada e em «chima», <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> reduzida a farinha <strong>no</strong> pilão. Mŭhácŭa<br />
[muhakhwa], gergelim, assado em grão ou, então, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> assado é<br />
pilado <strong>no</strong> pilão, formando uma massa em que <strong>de</strong>itam sal e serve <strong>de</strong> matàpa<br />
314 ou caril para comer com a «chima». Tiram azeite para tempero.<br />
Metècha [mtesa] ou mendŭim 315 (?), amendoim. Comem-<strong>no</strong> assado<br />
(<strong>de</strong> pois <strong>de</strong> seco) cozido em ver<strong>de</strong> e como caril como o gergelim. Do<br />
amendoim tiram azeite para untar o corpo.<br />
Mechire [mshiri ou mushiri], pepi<strong>no</strong>. Comem-<strong>no</strong> cru e da semente<br />
ex traem azeite.<br />
Maràca [maraka, sing. nraka], melancia pequena. Comem-na crua.<br />
Da semente a que chamam itàca [etthaka] extraem azeite.<br />
Namacôto [namakotto], um feijão branco, gran<strong>de</strong> 316 . Este feijão é<br />
muito perig<strong>os</strong>o e para ser consumido, é necessário cozê-lo em três ou<br />
quatro águas, caso contrário o indígena expele uns vómit<strong>os</strong> azulad<strong>os</strong> e<br />
cai para o chão sem sen tid<strong>os</strong>, po<strong>de</strong>ndo conservar-se assim três horas.<br />
Para o consumirem, levam-<strong>no</strong> em água ao fogo e <strong>de</strong>pois da água<br />
entrar em ebulição, tiram-lhe a casca. Seguidamente volta ao fogo em<br />
outra água, on<strong>de</strong> se conserva sujeito à fervura. Tira a água, põe <strong>no</strong>va e<br />
313 Feijão que se cria <strong>de</strong>baixo da terra.<br />
314 Espécie <strong>de</strong> esparregado feito <strong>de</strong> folhas <strong>de</strong> abóbora.<br />
315 Amendoim gr<strong>os</strong>so. Termo genérico para o amendoim: “manttuvi”, “mattuvi” ou “manduvi”.<br />
316 Feijão mascate, gran<strong>de</strong>, espécie <strong>de</strong> fava.<br />
E-BOOK CEAUP 2008