07.07.2013 Views

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

258<br />

41.<br />

Francisco A. Lobo Pimentel<br />

ALIMENTAÇÃO<br />

Ao tratar <strong>de</strong>ste capítulo, mencionarei animais que não constam na<br />

capítulo «Fauna», mas, francamente, <strong>os</strong> animais por este extenso mato<br />

são tant<strong>os</strong> que fácil é esquecer um ou outro.<br />

A alimentação do preto po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar-se dividida em duas: época<br />

<strong>de</strong> crise, a que chamam «<strong>de</strong> fome», êtála [etala] e a <strong>de</strong> abundância [mulala].<br />

A primeira é <strong>de</strong> Fevereiro ou Março a Julho para Ag<strong>os</strong>to e a segunda<br />

<strong>de</strong> Ag<strong>os</strong>to até Janeiro; facto este ocasionado pelo hábito do preto que<br />

«enquanto dura, vida e doçura — em acabando, gemendo e chorando».<br />

O caso é que na época da escassez, comem frut<strong>os</strong> e outr<strong>os</strong> produt<strong>os</strong><br />

do mato, que bastante lhes prejudica o organismo, levando muit<strong>os</strong> para<br />

a sepultura.<br />

Vou mencionar, <strong>de</strong>ntro do p<strong>os</strong>sível, <strong>os</strong> produt<strong>os</strong> <strong>de</strong> que se alimenta o<br />

indolente macua.<br />

Na época a que chamam «da fome» recorrem ao seguinte: macaràcŭa<br />

[mukarakwa], fruto da palmeira brava; comem a parte fibr<strong>os</strong>a da casca,<br />

a qual é dificílima <strong>de</strong> digerir, chegando mesmo a inibi-l<strong>os</strong> <strong>de</strong> evacuar,<br />

*miòlê; uma trepa<strong>de</strong>ira cuja raiz é um tubérculo que se encontra a gran<strong>de</strong><br />

profundida<strong>de</strong> e que comem cozido, cortado a<strong>os</strong> bocad<strong>os</strong>, ŭêpa [wepá],<br />

tamarindo (falarei adiante quando tratar da confecção d<strong>os</strong> manjares),<br />

*etêma, fruto, tŭcŭra [tukhura], chimbalàŭ, fruto, *êtŭlo, fruto, *m’rimô<br />

(fruto <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> palmeira), *m’pêpo (<strong>no</strong>me dado ao êtŭlo seco)<br />

(comem a amêndoa), *nàcŭma (fruto), *macŭnàpa (fruto muito doce<br />

e g<strong>os</strong>t<strong>os</strong>o), m’làpa [mulapa] (fruto do embon<strong>de</strong>iro ou baobab), *jululo,<br />

(semelhante ao êtŭlo, mas muito doce), *pŭèré-pŭèré, (gramínea, fruto<br />

do capim), *êcôça, (cavam muito fundo para a extrair, comem a semente),<br />

*êtiu (semelhante à batata), *m’parança (fruto peque<strong>no</strong> esver<strong>de</strong>ado),<br />

*êcŭti (acácia; a vagem é gran<strong>de</strong> e preta, contendo umas semente,<br />

E-BOOK CEAUP 2008

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!