relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga
relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga
relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Relatório <strong>sobre</strong> <strong>os</strong> us<strong>os</strong> e c<strong>os</strong>tumes <strong>no</strong> P<strong>os</strong>to Administrativo <strong>de</strong> Chinga<br />
é um entrelaçado semelhante ao do quitundo êtocŭa [ethókhwa] e do<br />
saco ipáha [epaha, plural: ipaha]. A segunda é feita com o caniço d<strong>os</strong><br />
ri<strong>os</strong> chamado êtèrê [etthere], que <strong>de</strong>u o <strong>no</strong>me à esteira. Cortam o caniço<br />
pelo meio e batem-<strong>no</strong>, espalmando-o. No solo, ajustam <strong>os</strong> caniç<strong>os</strong> assim<br />
espalmad<strong>os</strong>, uns ao lado d<strong>os</strong> outr<strong>os</strong> e junt<strong>os</strong>; com uma agulha <strong>de</strong> ferro,<br />
n’tôto [nttottho] (feita pelo ferreiro indígena) e com uma corda fina<br />
ligam as tiras atravessando geralmente perto d<strong>os</strong> nós e, quando a agulha<br />
passou o último caniço, tiram a agu lha e formam um nó para a corda não<br />
sair; mais adiante repetem a mes ma operação e assim sucessivamente.<br />
Cigarreiras, charŭteira — São feitas da nervura duma palmeira chamada<br />
rente [rentte] 242 (figura 19). O entrelaçado é feito da mesma forma<br />
que na esteira e cesto ou quitundo. As tiras com a cor escura são metidas<br />
durante um dia <strong>de</strong>ntro do lodo d<strong>os</strong> ri<strong>os</strong>, quando as tiram, vêm quase<br />
pretas ou arroxeadas-escuras. Com o mesmo entrelaçado <strong>de</strong> palmeira<br />
brava fazem uns coadores para utèca [otheka], a que chamam mŭhŭcŭla<br />
[muhukula] e que tem o feitio <strong>de</strong> um carapuço.<br />
Também fazem gaiolas para pássar<strong>os</strong>, a que chamam ècàèla [ekayela<br />
ou ekhalela]; empregam para tal a cana do milho fi<strong>no</strong>, tirando-lhe a<br />
casca exterior; as gra<strong>de</strong>s da gaiola são feitas com pequen<strong>os</strong> bambus que,<br />
digo, cuj<strong>os</strong> extrem<strong>os</strong> entram na cana com facilida<strong>de</strong>.<br />
As gaiolas, algumas são muito bem feitas e interessantes. Algumas<br />
gaiolas têm num peque<strong>no</strong> compartimento, uma armadilha, *màvàriha,<br />
para agarrar outr<strong>os</strong> pássar<strong>os</strong>; é preparada da seguinte forma: em cima<br />
tem uma tampa, também <strong>de</strong> gra<strong>de</strong>, que abre por um lado, <strong>de</strong> baixo para<br />
cima, na parte levantada, é atada uma fina corda ou fio, tendo duas<br />
pontas compridas; numa é atada uma pedra e cai para a frente, ficando<br />
a pedra suspensa; na outra uma pequena cavilha <strong>de</strong> bambu que segura<br />
um estrado feito <strong>de</strong> tiras <strong>de</strong> bambu, num encalhe num <strong>de</strong>stes bambus,<br />
mas comprido e cujo extremo sai fora da gaiola; sob o estrado colocam<br />
meixoeira, mahèlê [mahele]. Está a porta levantada presa pela cavilha,<br />
o pássaro, ao canto do que está na gaiola e para comer a meixoeira, salta<br />
<strong>no</strong> estrado que <strong>de</strong>sce soltando a cavilha, pelo que a porta abate ao peso<br />
da pedra, fechando.<br />
serve para fazer portas e vedações entrançadas.<br />
242 Palmeira-anã também chamada “rentxe”, “errentte”, “marita”, etc.<br />
2008 E-BOOK CEAUP<br />
215