07.07.2013 Views

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

198<br />

Francisco A. Lobo Pimentel<br />

carregam-lhe para o ar passar pelo tubo <strong>de</strong> bambu, *èpèvèra, que, para<br />

se não queimar, penetra num tubo <strong>de</strong> argila, *chiliŭa, que por sua vez<br />

transmite o ar à forja on<strong>de</strong> está o carvão macàla [makhala] 212 . Quando<br />

o ferro chegou ao rubro, tiram com uma pinça (gran<strong>de</strong>) <strong>de</strong> bambu<br />

ou ferro a que chamam êpa<strong>no</strong> [epanó] 213 , que correspon<strong>de</strong>m e fazem o<br />

mesmo serviço que as tenazes. Segurando com a tenaz, vai malhando<br />

com o martelo da figura 13, n. o 2, aperfeiçoando a obra com o n. o 4 da<br />

mesma figura e assim fazem: enxadas, hipa [ehipá], machad<strong>os</strong>, hipaço<br />

[epasó], zagaias, nivàca [nivaka], facas, mŭàlo [mwàlo], enchó, èhê<strong>no</strong>-<br />

-iôpàta 214 , catanas, catana [ekatana ou ophanka], espécie <strong>de</strong> roça<strong>de</strong>ira,<br />

èhèco 215 , para fus<strong>os</strong>, faca para tatuagem, èhôca [ehoka] 216 , navalha para<br />

barba, nimêto [ni mettho], preg<strong>os</strong>, agulhas para cozer esteiras, n’tôto<br />

[ntottho], etc., etc.<br />

Alimentação — Para condimento ou alimentação, o indígena apenas<br />

prepara sal, ou seja, substância salgada substituindo aquele e mel, ôrravo<br />

[oravo].<br />

À falta <strong>de</strong> sal, queimam folhas secas duma planta chamada ètŭro 217 ;<br />

ou tras: mŭquici [mukisi], m’tŭtô* (há na serra <strong>de</strong> Chinga), cŭtŭma*<br />

(tem um aroma agradável), as cinzas resultantes <strong>de</strong>itam-nas <strong>no</strong> caril,<br />

tornando-o salga do. Usam ainda as cinzas duns paus chamad<strong>os</strong>: m’côhi<br />

[mkhoi”?] e *m’coucórê.<br />

Para conseguirem o mel, arranjam um molho <strong>de</strong> capim atado a um<br />

bambu (quando o enxame está numa árvore alta) e chegam-lhe fogo,<br />

produzindo, como é natural, muito fumo; aproximam este archote «do<br />

cortiço» e as abelhas, pèpèlê 218 , umas caem atordoadas; outras fogem; seguidamente<br />

corta o pau a machado e, tirando <strong>os</strong> fav<strong>os</strong>, espreme-<strong>os</strong> entre<br />

<strong>de</strong>signada por “nvekhu”.<br />

212 Textualmente: brasa extinta.<br />

213 Tenaz, pinça e turquês.<br />

214 Expressão não i<strong>de</strong>ntificada. Talvez “n’patho” entre <strong>os</strong> Chirimas.<br />

215 Palavra que <strong>de</strong>signa hoje a foice. Em Cuamba e na Alta Zambézia chama-se “txeko”; entre <strong>os</strong><br />

Chacas do Lúrio, “etxelelo”.<br />

216 “Ehotthá”, em Cuamba, “hotxá”, <strong>no</strong> Lúrio.<br />

217 Palavra não i<strong>de</strong>ntificada, talvez “mtthulo”, planta silvestre cuj<strong>os</strong> frut<strong>os</strong>, “itthulo”, seme lhantes<br />

às bringelas.<br />

218 Palavra não i<strong>de</strong>ntificada. O termo genério para <strong>de</strong>signar as abelhas é “enuwi”, plural: “inuwi”.<br />

Há muitas varieda<strong>de</strong>s, cada uma com <strong>os</strong> seu <strong>no</strong>me: por exemplo, “ekulihi y’oravo”, “namapwe” ou “namopo”,<br />

“mapi”, “ovali”, “olepho”, “kurupa”, “niwophi”, etc.<br />

E-BOOK CEAUP 2008

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!