relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga
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Francisco A. Lobo Pimentel<br />
indígena, principalmente quando tem liberda<strong>de</strong>.<br />
Eu, confesso, tenho sido mártir por assim pensar, mas, digam o que<br />
disserem, façam-me a campanha que quiserem, que não temo, é minha<br />
opinião que o indígena com uma política paternal, benevolente e protectora,<br />
respeitando-se <strong>os</strong> seus c<strong>os</strong>tumes e crenças que não ofendam a<br />
moral ou prejudiquem a sua organização social, longe da incompatibilida<strong>de</strong><br />
e d<strong>os</strong> n<strong>os</strong>s<strong>os</strong> prin cípi<strong>os</strong> humanitári<strong>os</strong>, que estes também tem<strong>os</strong> por<br />
<strong>de</strong>ver fazê-l<strong>os</strong> seguir, o indígena, como ia dizendo, torna-se um gran<strong>de</strong><br />
auxiliar do europeu. Uma boa política indígena é melhor que quant<strong>os</strong><br />
regulament<strong>os</strong> e outra legislação se adoptar, que a maior parte das vezes<br />
estabelece confusão e má interpre tação e, portanto, a confusão, digo, a<br />
<strong>de</strong>sarmonização. Galhieni (<strong>de</strong> Mada gáscar) dizia: «é da acção combinada<br />
da política e da força (esta com cert<strong>os</strong> limites) que <strong>de</strong>ve resultar a boa<br />
organização e pacificação. A acção política é a mais importante e tira a<br />
sua maior força da organização do país e d<strong>os</strong> habi tantes».<br />
Provada que está a importância <strong>de</strong> uma boa política indígena, necessário<br />
seria conjugar todas as d<strong>os</strong> chefes <strong>de</strong> P<strong>os</strong>t<strong>os</strong> e administradores das<br />
Circuns crições e, para tal, três vezes por a<strong>no</strong>, pelo men<strong>os</strong>, reunirem-se na<br />
se<strong>de</strong> da Circunscrição para tratarem do assunto; mas necessário é também<br />
que o administrador atenda <strong>os</strong> alvitres e opiniões d<strong>os</strong> chefes d<strong>os</strong> P<strong>os</strong>t<strong>os</strong>,<br />
lembran do-se que estão ali reunid<strong>os</strong> tant<strong>os</strong> administradores <strong>de</strong> indígenas<br />
para concorrerem a um único fim que é a melhor forma <strong>de</strong> trazer <strong>os</strong> pret<strong>os</strong><br />
satis feit<strong>os</strong>, embora cumpram <strong>os</strong> serviç<strong>os</strong> a que foram compelid<strong>os</strong>; isto era<br />
um bem para o indígena, para o serviço e para a Colónia. Para o serviço,<br />
digo eu, porque nada mais natural que o adminis trador ser <strong>no</strong>vo em África<br />
e portanto pouco ou nada conhecer do meio indígena e, <strong>no</strong> entanto, com<br />
as suas or<strong>de</strong>ns, que têm <strong>de</strong> ser cumpridas, ir <strong>de</strong>sarmonizar e até mesmo<br />
<strong>de</strong>sorganizar o que o chefe do P<strong>os</strong>to tem feito com a sua longa permanência<br />
<strong>no</strong> Distrito que lhe <strong>de</strong>u muita prática; eis a gran<strong>de</strong> vantagem em estes<br />
funcionári<strong>os</strong> se reunirem e creio que, enquanto assim se não fizer, nada<br />
se consegue <strong>sobre</strong> uma boa política indígena. Mas haverá administradores<br />
que aceitem <strong>os</strong> alvitres do chefe do P<strong>os</strong>to? Creio que alguns não aceitarão.<br />
Em temp<strong>os</strong>, quando militar, tive subordinad<strong>os</strong> europeus; hoje ig<strong>no</strong>ro<br />
se <strong>os</strong> tenho, pois embora seja certo que as categorias por or<strong>de</strong>m hierárquica<br />
<strong>no</strong> Quadro Administrativo, são:<br />
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