relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga
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Francisco A. Lobo Pimentel<br />
dicar à agricultura tem muito a apren<strong>de</strong>r e também a estudar; <strong>sobre</strong> as<br />
vantagens ou <strong>de</strong>svantagens a advir da colonização europeia. De facto,<br />
para que a colonização se faça com eficácia e bons resultad<strong>os</strong>, é imprescindível<br />
que o europeu compreenda a missão que vem <strong>de</strong>sempenhar e<br />
imprescindível é a presença da mulher europeia, pois são estes indivídu<strong>os</strong><br />
que produzirão <strong>no</strong> futuro o homem branco africa<strong>no</strong> que, <strong>de</strong>vidamente<br />
educado, nacionalizará o preto e tornará esta Colónia numa terra<br />
<strong>de</strong> branc<strong>os</strong> <strong>de</strong>vidamente aclimad<strong>os</strong> e portanto apt<strong>os</strong> para <strong>de</strong>sempenhar<br />
todo e qualquer serviço; sem a mulher branca, dá-se um facto que não<br />
po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>satendido por dar resultado exactamente contrário ao que<br />
se <strong>de</strong>seja alcançar; pelas leis da natureza, o homem não po<strong>de</strong> estar sem<br />
a mulher; e não havendo mulheres europeias, o que faz ele? É fácil <strong>de</strong><br />
compreen<strong>de</strong>r, junta-se à mulher preta; e o resultado? Fundirem-se com<br />
o correr do tempo, ambas as raças, formando uma, que já hoje existe<br />
em gran<strong>de</strong> escala, nem branca nem preta. A aniquilação da raça negra,<br />
evi<strong>de</strong>ntemente que nunca se dará e nem pensar em tal é bom, porque<br />
era aniquilar a raça que povoa um território on<strong>de</strong> o europeu não po<strong>de</strong><br />
trabalhar. A <strong>no</strong>va raça formaria um povo muitíssimo diferente d<strong>os</strong> dois<br />
que lhe <strong>de</strong>ram a proveniência, e sendo em avultado número <strong>no</strong> futuro,<br />
terá para nós as mais pernici<strong>os</strong>as consequências. Da fusão do branco<br />
com a preta, resultaria, como disse, um povo <strong>de</strong>generado, sem que nele<br />
se encontrem qualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> branco nem do preto, e sim <strong>de</strong> enfraquecida<br />
energia física, mental e moral; portanto, creio que a colonização <strong>de</strong>verá<br />
fazer-se, sim, mas com a presença da mu lher branca; não sendo assim,<br />
dada a colonização, o europeu junta-se à mu lher preta que, em gran<strong>de</strong><br />
quantida<strong>de</strong>, resultaria a morte da raça e o sui cídio da nacionalida<strong>de</strong>.<br />
Voltando ao assunto da agricultura pelo europeu, há a enten<strong>de</strong>r,<br />
entre outr<strong>os</strong>, a<strong>os</strong> seguintes quesit<strong>os</strong> a dar solução:<br />
Educação do indígena. Salári<strong>os</strong>. Alimentação. Empregad<strong>os</strong> europeus<br />
d<strong>os</strong> agri cultores; seu recrutamento. Boletim agrícola. Número <strong>de</strong> agricultores.<br />
Mão-<strong>de</strong>-obra. Fornecimento <strong>de</strong> indígenas. Voluntári<strong>os</strong>. Compelid<strong>os</strong>.<br />
Qua li da<strong>de</strong> do indígena e sua produção. Agricultura em geral e<br />
qualida<strong>de</strong> do europeu, digo, e aptidão do europeu. Política indígena a<br />
seguir pel<strong>os</strong> agricul tores e seus empregad<strong>os</strong>. É pois do que, com <strong>os</strong> meus<br />
frac<strong>os</strong> conheciment<strong>os</strong> <strong>de</strong> chefe <strong>de</strong> P<strong>os</strong>to, vou tratar.<br />
E-BOOK CEAUP 2008