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relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

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Francisco A. Lobo Pimentel<br />

2 moleques; 3 ca patazes da «sua proprieda<strong>de</strong>», tudo isto pago mensalmente;<br />

uma preta e uma filha, isto além d<strong>os</strong> homens que trabalhavam<br />

(e ainda trabalham) na sua proprieda<strong>de</strong>. Vive ou não vive mais feliz este<br />

sentenciado que muit<strong>os</strong> homens honest<strong>os</strong>, sem culpa alguma, <strong>de</strong>sempregad<strong>os</strong>,<br />

e andam em Lourenço Mar ques, passando necessida<strong>de</strong>s? Creio e<br />

estou certo que sim. Este sentenciado Ramalho, escreve uma carta ao<br />

seu patrão, «<strong>de</strong>spedindo-se» do serviço por «não po<strong>de</strong>r aturar o chefe do<br />

P<strong>os</strong>to»; o que faz seu patrão, o senhor Con<strong>de</strong>? Sem nada me perguntar,<br />

como era natural, envia à Administração da Cir cunscrição uma carta,<br />

dizendo «… Peço a V. Ex. a a fineza <strong>de</strong> apurar quais são <strong>os</strong> motiv<strong>os</strong> que<br />

forçam o referido empregado a <strong>de</strong>spedir-se do meu serviço, se é porque<br />

este cometa abus<strong>os</strong> e por tal motivo o chefe do P<strong>os</strong>to tenha que intervir<br />

como tem por <strong>de</strong>ver, ou se é o chefe do P<strong>os</strong>to que exagera as or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong><br />

V. Ex. a …» A Administração enviou-me a carta do tenente senhor Con<strong>de</strong><br />

com uma <strong>no</strong>ta para eu informar do que se me oferecesse <strong>sobre</strong> o assunto<br />

da carta. Enviei uma exp<strong>os</strong>ição em que lamentava que o tenente senhor<br />

Con<strong>de</strong> confrontasse um sentenciado assassi<strong>no</strong> e um funcionário<br />

do Estado que só <strong>de</strong>seja cumprir com <strong>os</strong> seus <strong>de</strong>veres. Fazia ver que o<br />

sentenciado estava a almoçar e jantar à mesa com o meu antecessor, o<br />

que eu não quis; que o sentenciado se queria apo<strong>de</strong>rar <strong>de</strong> terre<strong>no</strong> <strong>de</strong><br />

indígenas antig<strong>os</strong> resi<strong>de</strong>ntes na localida<strong>de</strong>; que o sentenciado violou a<br />

proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> uns indígenas, mandando arrancar <strong>os</strong> paus que a cercavam;<br />

que o sentenciado não pagava a<strong>os</strong> indígenas; que <strong>os</strong> indígenas se<br />

não queixavam com medo do sentenciado, <strong>de</strong>vido a<strong>os</strong> maus trat<strong>os</strong> por<br />

ele aplicad<strong>os</strong> quando «encarregado da estrada». Fazia ver que não tenho<br />

nem quero machambas nem negócio <strong>de</strong> espécie alguma e que não estava<br />

em Chinga para zelar pel<strong>os</strong> interesses do sentenciado Ramalho e, em<br />

resumo, que o sentenciado se <strong>de</strong>spedia do «seu patrão» e queria passar<br />

«à privada» pelo seguinte:<br />

1. o Não o convi<strong>de</strong>i para as minhas refeições.<br />

2. o Não lhe consentia abus<strong>os</strong>.<br />

3. o Faço justiça e portanto nada tenho com <strong>os</strong> interesses <strong>de</strong> A ou B.<br />

4. o Viu que não tenho machambas nem negócio <strong>de</strong> espécie alguma.<br />

5. o e finalmente. Tem receio que eu venha a saber as faltas e abus<strong>os</strong><br />

por ele cometid<strong>os</strong> anteriormente à minha chegada, o que <strong>de</strong>pois averi-<br />

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