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relatório sobre os usos e costumes no posto administrativo de chinga

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Francisco A. Lobo Pimentel<br />

do europeu sim, mas coadjuvado pelo principal elemento, que é o preto.<br />

E sem ele nada há feito. É da mesma opinião Chaby Bert quando diz na<br />

sua obra Dix anneés <strong>de</strong> politique coloniale – 1902: «Sem indígenas, nada<br />

<strong>de</strong> produção, nada <strong>de</strong> imp<strong>os</strong>t<strong>os</strong>, isto com respeito ao Gover<strong>no</strong>; sem indígenas,<br />

nada <strong>de</strong> agricultura, nada <strong>de</strong> indústria, isto pelo que interessa<br />

ao plantador; sem indígenas, nada <strong>de</strong> negóci<strong>os</strong>, isto pelo que respeita ao<br />

negociante; sem indígenas nada mais teríam<strong>os</strong> que fazer do que evacuar<br />

o território.» Mas, para chegar a esta conclusão, será necessário recorrer<br />

a opiniões <strong>de</strong> estrangeir<strong>os</strong>? Não; pois é um facto que cabe na capacida<strong>de</strong><br />

mais rudimentar e, realmente, sem imp<strong>os</strong>to indígena, ou seja, o imp<strong>os</strong>to<br />

<strong>de</strong> palhota, único que o Gover<strong>no</strong> lhes exige, falta a principal receita, se<br />

não uma das maiores; sem agricultura e indústria, <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> existir as<br />

transacções e então o que fazem<strong>os</strong> nós, europeus, sem o preto? Nada, na<br />

acepção da palavra. É o indígena, pois, o ponto <strong>de</strong> partida não só para a<br />

produção das receitas para o <strong>de</strong>senvolvimento da Colónia, como ainda<br />

a máquina que produz <strong>os</strong> melhorament<strong>os</strong>, construções, Caminh<strong>os</strong>-<strong>de</strong>-<br />

Ferro, etc., provado como está que o europeu nestas terras inóspitas<br />

d’aquém-mar não suporta trabalh<strong>os</strong> pesad<strong>os</strong>, <strong>de</strong>vido a<strong>os</strong> seus três maiores<br />

inimig<strong>os</strong>: «clima, m<strong>os</strong>quit<strong>os</strong> e efeit<strong>os</strong> do álcool». É portanto o preto<br />

o n<strong>os</strong>so gran<strong>de</strong> auxiliar e, sem ele, nada se faz. Po<strong>de</strong> em África viver o<br />

preto sem o branco? Po<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong> em África viver o branco sem o preto?<br />

Não po<strong>de</strong>. E então o que há a fazer? Tratar o preto benevolamente e com<br />

a pe rícia necessária para o conservarm<strong>os</strong> ao n<strong>os</strong>so lado. C<strong>os</strong>tuma dizerse:<br />

«com vinagre não se apanham m<strong>os</strong>cas».<br />

A acção do europeu, pelo que <strong>de</strong>ixo dito e me parece ser a expressão<br />

da verda<strong>de</strong>, limita-se a um protector, director e educador do indígena;<br />

e, sendo assim, todo o europeu que se <strong>de</strong>stine a administrar ou mesmo<br />

lidar com indígenas tem que ser previamente educado e preparado, factores<br />

estes im portantes que se adquirem com a prática e educação, sem<br />

ser necessário, creio eu, gran<strong>de</strong>s curs<strong>os</strong>, pois nada adianta, em política<br />

indígena, o europeu saber que a «matéria atrai a matéria, na razão directa<br />

das massas»; que houve um Arquime<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>scobriu que «qualquer<br />

corpo mergulhado num lí quido, sofre uma impulsão, <strong>de</strong> baixo para<br />

cima, igual ao peso do volume do líquido <strong>de</strong>slocado; que em álgebra é<br />

necessário pôr o problema em equação para solução da incógnita; que<br />

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