UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - Biblioteca Digital ...
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colocava em risco a integridade e a estabilidade de sua família, o que significava para<br />
os mais conservadores uma ameaça para a sociedade.<br />
Os artigos analisados deixam claro que não se admitia à mulher casada<br />
e mãe as mesmas atitudes das solteiras. A jovem moça até o casamento devia<br />
preocupa-se com modas e maquiagem, mas a partir do momento que se tornava<br />
esposa e mãe (principalmente), esta postura deveria ser abandonada, fato que não<br />
acontecia sempre. Ao se parecer com a filha a mãe macularia a sua imagem, ao desfilar<br />
pelas ruas e praças fazendo o footing, indo ao cinema, teatros e clubes – atividades<br />
que se tornavam cada vez mais freqüentes a partir da década de 1920, e, muitas vezes<br />
consideradas perigosas para a preservação dos costumes - mães e filhas, jovens e<br />
senhoras eram consideradas deturpadoras dos costumes morais.<br />
- Quem vem lá?<br />
- Minha filha.<br />
- Não!<br />
- Minha esposa?<br />
- Não!<br />
- Minha tia?<br />
- Também não!<br />
- Mas então quem será?<br />
- Minha mãe!!!<br />
O extranho caso explica-se assim: Filha, esposa, tia e mãe, todas egualmente<br />
desnudas, pintadas e de cabello cortado!<br />
Ó sociedade! Ó Família ! Para a tua completa derrocada, só lhes falta a farra<br />
conjugal, em forma de lei - o divórcio 140 .<br />
Em muitos artigos percebemos uma grande inquietação frente às<br />
mudanças no comportamento feminino. Não seria exagero afirmar que este grande<br />
incômodo diante da modernização da mulher refletia a preocupação com as proporções<br />
que esta poderia tomar. Cada vez mais as mulheres interagiam com o espaço público:<br />
iam ao cinema, teatros, bailes, por isso, era necessário vigiar moças e senhoras para<br />
140 (O) Pão de Santo Antonio – Diamantina, 17/010/1926.<br />
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