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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - Biblioteca Digital ...

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Segundo a autora, a mulher tornava-se mais segura com o passar do tempo, o casal<br />

entrava em sintonia maior, os desentendimentos diminuíam e a paz reinaria<br />

definitivamente. Mas, ainda segundo a autora a plenitude do lar só seria conquistada<br />

mesmo com a chegada dos filhos. Por isso, ela deveria se preparar ao longo da vida<br />

para tornar-se um dia mãe.<br />

Ser mãe<br />

Julia Lopes de Almeida 135<br />

Ser mãe é renunciar a todos os prazeres mundanos, os requintes do luxo e da<br />

elegancia, é deixar de apparecer nos bailes em que a vigila(sic) se prolonga, o<br />

espirito se excita e o corpo se cança no goso das valsas; é não sahir por temer o<br />

sol, o vento, a chuva, na desgraçada dependencia do terror immenso de que a sua<br />

saude soffra e reflicta o mal na criança; é passar as noites num cuidado<br />

incessante, em somnos curtos, leves, com o pensamento sempre preso á mesma<br />

creaturinha rósea, pequena, macia, que lhe suga o sangue, que lhes magôa os<br />

braços, que a enfraquece, que a enche se sustos, de trabalhos e de provações,<br />

mas que faz abençoar a ignota Providencia de a ter feito mulher para poder ser<br />

mãe. 136<br />

Nem mesmo as feministas mais radicais de fins do século XIX<br />

questionavam a importância de tornar-se mãe na vida de uma mulher. Pelo contrário,<br />

muitas alegavam a necessidade da sua emancipação para melhor desempenhar seu<br />

papel de mãe. MASCARO 137 , ao analisar a Revista Feminina apresenta as mesmas<br />

imagens em relação à mulher que observamos na imprensa de Minas Gerais. A família<br />

135 Júlia Lopes de Almeida nasceu em 24 de setembro de 1862, no Rio de Janeiro. Incentivada<br />

inicialmente pelo pai e depois também pelo marido; o poeta português Filinto de Almeida, tornou-se uma<br />

das principais escritoras e jornalistas de sua época. Sua produção literária é extensa e variada. Dividida<br />

entre contos, crônicas, romances, teatro e manuais educativos, sua obra conta com cerca de 28 títulos<br />

publicados. Teve presença marcante também na imprensa brasileira escrevendo para diversos<br />

periódicos. Sua obra registra as impressões da autora sobre a sociedade, a vida cotidiana e<br />

principalmente sobre o universo feminino. Em obras como o Livro das noivas (1905); Livro das donas e<br />

donzelas (1906) e Maternidade (1924); retratava o papel da mulher na sociedade no novo contexto social<br />

que se formava no país após o fim do Império. Seus manuais eram dedicados às questões da vida<br />

doméstica, do papel fundamental da mãe na família. Além de apresentar conselhos ligados ao cotidiano<br />

doméstico e à vida conjugal. FAVERO, Maria de Lourdes de Albuquerque; BRITTO, Jader de Medeiros.<br />

Dicionário de educadores no Brasil: da colônia aos dias atuais. Rio de Janeiro: Ed, UFRJ/ MEC/<br />

INEP/COMPED, 2002.<br />

136 (O) Pão de Santo Antonio – Diamantina, 19/06/1915.<br />

137 MASCARO, Sonia de Amorim. A “Revista Feminina”: imagens de mulher (1914-1930). São Paulo,<br />

1982.Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) – Universidade de São Paulo.<br />

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