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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - Biblioteca Digital ...

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pois, além de ser um agente familiar da higiene social ela deveria ensinar as normas<br />

médico-sanitaristas para as suas filhas 126 .<br />

A imagem construída para a mulher, segundo esse discurso, destacava<br />

a sua fragilidade física, de onde emanava sua delicadeza e debilidade moral. Sua<br />

inferioridade em relação ao homem se manifestava pelo predomínio das faculdades<br />

afetivas. A fraqueza, a sensibilidade, a doçura, a castidade, o recato e a submissão<br />

eram considerados virtudes essenciais ao sexo feminino. O discurso médico<br />

representava a maternidade como uma função natural que enaltecia a mulher além de<br />

desenvolver seus sentimentos maternais tão importantes para a família e para a<br />

sociedade. Qualquer atividade feminina que não fosse a de mãe e esposa era vista<br />

como desviante.<br />

Os médicos condenavam o trabalho externo das mulheres que era visto<br />

como um desperdício das energias femininas, nocivo à moralidade, empecilho para as<br />

funções maternais, responsáveis pela mortalidade infantil e pelas desordens sociais. O<br />

homem era o oposto da mulher. Ele deveria ser racional, autoritário, era considerado<br />

menos propenso ao amor e inclinado para o desejo puramente sexual. Ao afirmar que o<br />

homem por ser forte, agressivo e inteligente conferiu o desenvolvimento da civilização<br />

urbana, enquanto a mulher, por sua natureza passiva e fecunda, deveria perpetuar esta<br />

civilização por meio da maternidade, o discurso médico legitimava a dominação<br />

masculina sobre a mulher. Por ser considerada biologicamente predestinada, a<br />

maternidade tornava-se uma obrigação e a representação feminina concentrava-se na<br />

126 Cf. FREIRE COSTA, J. Ordem Médica e norma familiar. Rio de Janeiro: Graal, 1979.<br />

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