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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - Biblioteca Digital ...

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sendo extremamente perigosas. Constituíam-se nas criminosas natas, nas prostitutas e<br />

nas loucas que deveriam ser afastadas do convívio social 124 .<br />

Esta categorização considerada “cientificamente” fundamentada é<br />

segundo SOIHET uma visão preconceituosa, pois legitima a inferioridade feminina<br />

como uma simples questão biológica, quando na verdade ela é fruto de inúmeros<br />

condicionamentos resultantes de condições históricas, sociais e culturais. Ainda<br />

segundo a autora, esta abordagem padece do grave erro de considerar a mulher como<br />

categoria universal, com características comuns determinadas organicamente e<br />

estabelecendo como anormal qualquer comportamento destoante. Para ela, Lombroso<br />

e Ferrero não perceberam que as normas sociais variam conforme a cultura e a época<br />

e que as regras que valem para uma classe social, nem sempre são as mesmas que<br />

regem o comportamento de outra. 125<br />

No Brasil de fins do século XIX e início do século XX a medicina passou<br />

a ter uma influência marcante no meio familiar. O cientificismo-higienismo,<br />

predominante neste período, possibilitou o controle médico sobre a família,<br />

disciplinando a sociedade. O higienismo-sanitarismo criou todo um conjunto de<br />

prescrições que deveriam orientar e ordenar a vida na cidade, no trabalho, no domicílio,<br />

na família, nos corpos. Os costumes e hábitos cotidianos, os prazeres permitidos e<br />

proibidos deveriam seguir o parâmetro médico. O discurso médico insistia na<br />

necessidade de fiscalizar os lares em relação a sua higienização e cabia à mulher esta<br />

responsabilidade. Ela seria a responsável pela saúde da família, principalmente das<br />

crianças. Neste ínterim, a educação feminina torna-se fundamental para a medicina,<br />

124 SOIHET, op. cit.<br />

125 Ibidem.<br />

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