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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - Biblioteca Digital ...

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e confrontações políticas e econômicas. Elas exerceriam suas funções no lado oposto,<br />

no espaço privado, doméstico, voltadas para o lar e para a família. É importante, no<br />

entanto, ressaltarmos que este domínio do homem no espaço público e da mulher na<br />

esfera doméstica não é cara a todas as camadas sociais. Esta nossa discussão<br />

enquadra-se perfeitamente entre os membros da elite, mas não se ajustaria à realidade<br />

das camadas mais pobres. Homens e mulheres; pobres, livres, forros ou escravos<br />

viviam outra realidade dentro do sistema patriarcal 115 .<br />

Durante a primeira metade do século XIX, pouco registro se tem sobre<br />

atividades feministas entre as brasileiras. Exceção seria o caso de Nísia Floresta<br />

Brasileira Augusta 116 que reivindicava já nas primeiras décadas do século o direito à<br />

educação e a posições sociais mais elevadas para as mulheres. Defendeu a abolição<br />

da escravidão e a liberdade de religião. Realizou a tradução livre da obra A vindication<br />

of the Rights of Women de Mary Wollstonecraft adaptando a obra inglesa à realidade<br />

brasileira. Nesta obra, a autora apresentava a difícil situação na qual as brasileiras se<br />

encontravam e reivindicava a modificação dos costumes em defesa destas mulheres.<br />

Seria um equívoco afirmamos que antes do século XIX, as mulheres<br />

viviam em concordância com o padrão de submissão imposto a elas. Sabemos que o<br />

modelo estabelecido de uma mulher pura, protegida e frágil não imperava de forma<br />

universal. A forma de conduta feminina variava de acordo com sua classe social. A<br />

mulher das classes populares, como já afirmamos, gozava de maior liberdade pessoal,<br />

chefiava famílias, tinham renda própria e circulavam pelo espaço público da mesma<br />

114<br />

CHARTIER, Roger. Diferenças entre os sexos e dominação simbólica (nota crítica). In: Cadernos<br />

Pagu, IFCH/Unicamp, 1995.<br />

115<br />

Cf. FIGUEREDO, Luciano. Barrocas Famílias: vida familiar em Minas Gerais no século XVIII. São<br />

Paulo: HUCITEC, 1997.<br />

116<br />

Cf. DUARTE, Constância Lima. Nísia Floresta: Vida e Obra. Natal: UFRN. Ed. Universitária, 1995.<br />

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