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Para HABERMAS, a esfera pública política e a esfera pública literária se
relacionavam de forma peculiar. Para o autor a esfera íntima da família encontra-se no
interior da esfera privada e está profundamente ligada ao mercado. Neste contexto vale
ressaltar que havia uma diferença primordial entre o público destes espaços. Na esfera
pública literária a participação feminina tinha uma freqüência bem maior do que a de
proprietários privados e homens adultos, mas, na esfera pública política as mesmas
eram excluídas tanto de fato como de direito. Esta exclusão das mulheres burguesas da
vida política poderia ser entendida neste contexto pelo fato das mesmas não
participarem de forma efetiva das relações econômicas de mercado por meio do
trabalho fora do espaço doméstico.
Segundo QUINTANEIRO 113 , a mulher foi excluída do mercado e fixada
ao lar, uma vez que se firmou desde o princípio que ao homem caberia o exercício das
funções intelectuais e atividades remuneradas enquanto ela ficaria restrita ao ambiente
doméstico, pois é neste espaço que ela encontraria sua mais completa realização. Uma
outra explicação para esta questão pode ser apresentada por meio da apropriação do
conceito de “dominação simbólica” de Pierre Bourdieu, como fez Roger Chartier 114 . O
conceito sugere que a dominação não é simplesmente um processo de violência
explícita do dominador sobre o dominado, mas um sistema sutil, que constrói todo um
aparato ideológico em torno de si e que, de certa forma, mantém “brechas” de
negociação com os dominados.
Percebemos uma divisão nítida das funções sociais entre homens e
mulheres: os primeiros eram agentes ativos no espaço público, ambiente das decisões
113 Ibidem.
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