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considerada inexpressiva politicamente; deste modo o contrato sexual é visto como
irrelevante para a política. Esta forma de estruturar a sociedade leva em consideração a
concepção patriarcal da diferença sexual; a esfera privada é feminina e relacionada ao
estado natural, a esfera pública é masculina e civil.
Porém, devemos apontar para o fato que o contrato social não está
associado somente à esfera privada. A lei do direito sexual masculino está nos dois
espaços; o direito patriarcal dos homens sobre as mulheres era considerado natural e
por isso legítimo, embora isto não implicasse na simples aceitação das mesmas desta
condição. Como podemos observar nos estudos sobre mulheres, elas sempre reagiram
de alguma forma à dominação masculina. “Contar a história do contrato sexual é
mostrar como a diferença sexual, o que é ser ‘homem’ ou ‘mulher’, e a construção da
diferença sexual enquanto diferença política é essencial para a sociedade civil 109 ”.
Apreendermos o que define estes dois espaços sociais (público e
privado) nos permite enxergar melhor os diferentes lugares sociais a partir das relações
de gênero. Usaremos como apoio nesta discussão as definições de ARENDT 110 e
HABERMAS 111 . Segundo a primeira, desde o surgimento das antigas cidades-estado
podemos entender a distinção entre uma esfera da vida privada e uma esfera da vida
pública fazendo uma correlação entre os espaços da família e da política enquanto
grupos diferentes e separados.
Para HABERMAS a esfera pública burguesa poderia ser entendida
inicialmente como a esfera das pessoas privadas reunidas em público. Com o advento
108 Ibidem, pp.39.
109 Ibidem, pp.34
110 ARENDT, Hannah. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1993.
111 HABERMAS, Jurgen. Mudança estrutural da esfera pública: investigações quanto a uma categoria da
sociedade burguesa. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro 1984.
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