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mercado de trabalho como mão de obra não qualificada 105 . Eram comerciantes,
lavadeiras, quitandeiras, etc. Desempenhavam as tarefas domésticas que não cabiam
as mulheres ricas realizar, como limpar a casa, lavar, cozinhar.
Ao analisar o universo operário e suas manifestações de resistência
cotidiana em fins do século XIX e início do século XX, Margareth Rago 106 , nos mostra
que as mulheres eram a maioria nas fábricas e estavam presentes também nos
escritórios, nas lojas, na Companhia Telefônica e nas casas elegantes, pois estas eram
as poucas possibilidades de trabalho que lhes era oferecida. Ainda segundo a autora o
campo de atuação da mulher fora do lar restringia-se a funções de subordinação a um
chefe masculino e sempre distante das posições de comando.
A reivindicação dos jornais feministas dirigia-se para a conquista de
espaços considerados masculinos que exigiam conhecimento técnico e/ou científico
adquiridos em cursos de nível superior. As mulheres da elite queriam trabalhar como
seus pais, irmãos e maridos, em empregos de destaque social. Queriam tornar-se
médicas, advogadas, engenheiras, funcionárias publicas bem posicionadas. E, para
provar para a sociedade que elas não eram inferiores aos homens, elas precisariam
exercer cargos compatíveis com os mesmos.
O jornal O Sexo Feminino representado fundamentalmente na figura de
Francisca Senhorinha, trouxe para a imprensa de Minas Gerais uma nova
105 Dentre obras de grande importância para o estudo sobre o trabalho feminino destacamos:
FIGUEIREDO, Luciano Raposo de Almeida. Barrocas Famílias. São Paulo: Hucitec, 1997; do mesmo
autor:: O avesso da memória: cotidiano e Trabalho da mulher em Minas Gerais no século XVIII. 2ed. Rio
de Janeiro: José Olympio, 1999; ALGRANTI, Leila Mezan. Famílias e vida doméstica. In: NOVAIS,
Fernando (dir) e SOUZA, Laura de Mello e (org). História da vida privada no Brasil. V.1, São Paulo: Cia
das Letras, 1997.
106 RAGO, Margareth. Do Cabaré ao Lar: a utopia da cidade disciplinar. Brasil: 1890-1930. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1997. Ver também: PENA, Maria Valeria. Mulheres e trabalhadoras: presença
feminina na Constituição do sistema fabril. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1981.
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