UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - Biblioteca Digital ...

mães deveriam sempre educar suas filhas com este propósito, pois só assim não
seriam tratadas como escravas ou como móvel de casa. Era de fundamental
importância que as mães fossem preparadas para melhor educar os seus filhos porque
sua influência sobre eles era maior. Só as boas mães fazem homens virtuosos, dizia
Francisca Senhorinha. A mãe era a responsável pela formação do caráter dos filhos.
Ela seria a mais adequada para os ensinarem os preceitos cristãos de moral e virtude.
Prepare-se o futuro pela educação e instrução do sexo frágil. Formem-se as
mãis de família, que por seu turno vão erguer escolas e collegios, nos campos,
nas villas e nas cidades: que ensinem á mocidade de ambos os sexos os aos
princípios de uma instrucção moral e religiosa, e a face da sociedade se há de
mudar. Mãis de família assim formadas prepararão a mocidade que futuramente
possa ornar as diversas carreiras a que póde aspirar um moço ou uma moça
desde a mais alta escala social até o mais modesto emprego oficial. 97
***
É preciso que os homens se desenganem de uma vez para sempre; e se
convenção de que – a verdadeira educação é aquella que é dada pela mãi de
família no lar domestico. É só a mai de família quem pode inocular no coração
do filho os verdadeiros princípios de uma pura religião que nos ensina o amor
de Deos e do próximo. Enquanto as mães de família não podem ser institutrizes
de seus filhos - sejão ao menos suas educadoras. O futuro de um menino na
sociedade quando se tornar homem será tal qual houver sido a educação que
sua mãi lhe tiver implantado no coração. 98
A confiança de Francisca Senhorinha na força da educação estava
estreitamente relacionada com a sua crença no progresso. Constantemente afirmava
que o seu século era o das luzes e que para a sociedade brasileira sair do
obscurantismo rumo ao progresso era necessário se instruir as mulheres. Ela
demonstrava satisfação em ver a mudança de comportamento dos pais que já não
proibiam suas filhas de freqüentarem as escolas nem mesmo de atuarem no magistério.
A intenção em transformar o magistério em trabalho de mulher era uma constante, seja
97
(O) Sexo Feminino - Campanha, 14/09/1873.
98
Idem, 15/11/1873.
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