UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - Biblioteca Digital ...
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Diz o velho Moyses, na sua gênese, que tendo Deus, Creador de todas as<br />
coisas, feito o homem de barro, tirou delle uma costella, da qual fes a mulher e<br />
deu-lhe por companheira. Ora sendo o todo da mulher apenas o conteúdo da<br />
costella do homem, é claro que materialmente ella é inferior a este. Tendo Deus<br />
dado a mulher ao homem e não o homem á mulher, quis que elle exercesse<br />
direitos sobre ella e não delegasse, ora, quem exerce direitos logicamente<br />
exerce preponderância. Assim pois, a preponderância sobre a mulher foi<br />
estabelecida pelo próprio Deus. Verdadeiros crentes que somos, só nos resta<br />
submeter humildes e contritos á vontade da providencia Divina que, por irrisão,<br />
decretou que a mais bella de suas creaçoes - a mulher, ficasse eternamente<br />
sob a despótica tutela que delhude (?).<br />
Numa sociedade fortemente envolvida com a religiosidade como era a<br />
mineira, argumentos como este dificultavam as reivindicações destas feministas. Não<br />
acreditamos que mulheres como Amélia Augusta Diniz buscavam desafiar a Deus e a<br />
Igreja, pois eram pessoas religiosas. No entanto, cientes das suas potencialidades<br />
procuravam reformular alguns pressupostos que as impediam de ser tratadas com<br />
eqüidade. A divergência entre a Igreja e as feministas vai variar com a época. Neste<br />
primeiro momento, embora as concepções feministas confrontassem com alguns<br />
argumentos religiosos, a importância da fé e da religiosidade na vida da mulher, na sua<br />
instrução e na educação dos filhos eram defendidas com veemência nestes periódicos.<br />
Os discursos proferidos em O Sexo Feminino apresentavam uma presença marcante<br />
de conceitos baseados na conservadora moral cristã católica. Isto mostra que em<br />
algumas situações o peso da tradição fazia-se presente e determinava limiares na<br />
emancipação feminina.<br />
Para as feministas do final do século XIX, a família era uma instituição<br />
intocável. E dentro da família cabia a mulher desempenhar o principal papel: o de mãe<br />
e única responsável pela educação dos filhos, pela sua formação inicial. Havia uma<br />
grande preocupação com a educação das filhas, uma vez que elas seriam as<br />
responsáveis pela continuidade e pela consolidação da emancipação feminina. As<br />
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