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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - Biblioteca Digital ...

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certas circunstâncias políticas, sociais, econômicas e culturais que criaram o discurso<br />

de corpos hierarquicamente construídos, através de redefinirem um fato natural como<br />

social”.<br />

Para a história, uma das dificuldades encontradas no campo dos<br />

estudos de gênero é justamente a questão da incoerência de se considerarem as<br />

categorias homem/mulher universais, isto é, verificáveis em qualquer tempo ou<br />

sociedade. Roger Chartier nos chama atenção para esta questão dos limites da<br />

oposição universal entre masculino e feminino, alertando para a impossibilidade de<br />

remeter todas as clivagens e contrastes a um único princípio de diferenciação. Para<br />

Chartier, os historiadores dão mais ênfase às mulheres ativas no processo histórico e<br />

esquecem uma maioria “passiva” que, na verdade, ao consentir com as representações<br />

dominantes, fazem delas usos e apropriações muito particular, que às vezes, voltam-se<br />

contra a ordem. Segundo ele, os historiadores devem compreender os mecanismos, os<br />

discursos e as práticas que garantem o consentimento das mulheres quanto às<br />

representações dominantes, ao invés de simplesmente construírem uma história da<br />

dominação dos homens sobre as mulheres e da resistência destas à dominação. Para<br />

tanto sugere uma aproximação entre os conceitos de dominação masculina e os<br />

aspectos simbólicos 20 , que supõe a adesão dos dominados às categorias que dão base<br />

à sua dominação. Assim, segundo Chartier definir os poderes femininos permitidos por<br />

uma situação de sujeição e de inferioridade significa entendê-los como uma<br />

20 BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil, 1989, pp.7-15. O poder<br />

simbólico é, segundo Bourdieu, uma dissimulação/transfiguração das outras formas de poder, da qual<br />

inclusive participam aqueles que estão sujeitos a tais formas de poder, tornando-as legítimas e ocultando<br />

sua arbitrariedade aos olhos dos grupos sobre os quais são exercidas.<br />

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